Bastonário dos médicos diz que cortes não são necessários nem possíveis
O bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva, considerou hoje que "não é necessário nem possível fazer cortes na saúde", pois estes "põem em causa os doentes".
José Manuel Silva falava durante uma conferência de imprensa conjunta com o seu homólogo espanhol, Rodriguez Sendín, após uma reunião que decorreu em Lisboa e teve na agenda a situação político-económica que se vive no espaço europeu.
No final da reunião, o bastonário português defendeu poupanças, mas não cortes na saúde, alegando que estes "podem pôr em causa o próprio sector".
"Não se pode pôr em causa os doentes, nem aumentar as listas de espera", afirmou.
Subscreva as newsletters Diário de Notícias e receba as informações em primeira mão.
José Manuel Silva defendeu ainda a aplicação na área da saúde dos valores que resultarem da poupança, pois "não faz sentido construir auto-estradas à custa da saúde".
O médico considera que as reformas nesta área devem seguir-se à audição dos profissionais e dos próprios doentes, considerando "inadmissível" que, em virtude da crise - "que não foi criada pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS)" -, passe a existir "uma saúde para ricos e outra para pobres".
Rodriguez Sendín afirmou que as preocupações dos médicos espanhóis são "absolutamente comuns" às dos profissionais portugueses e sublinhou a importância de, neste momento de crise, existir um SNS.
"Apesar da crise, há uma coisa fantástica que é um serviço de saúde que não difere ricos ou pobres", disse.
A propósito do entendimento resultante desta reunião - que deverá constar de um documento intitulado "declaração de Lisboa" - Rodriguez Sendín afirmou que "os médicos da Península Ibérica não estão dispostos a baixar a qualidade".
O médico reconheceu que esta é "uma luta difícil", pois "há grandes interesses na privatização dos serviços" de saúde.