Banco social entrega sobras de medicamentos aos mais pobres
Porque há quem tenha de optar entre comprar na farmácia ou na mercearia, paróquias, autarquias e centros de saúde de todo o País avançaram nos últimos anos com campanhas de recolha de fundos e de medicamentos, uma espécie de "bancos alimentares" da saúde.
Em 2002, os responsáveis da rede social de Oliveira de Azeméis concluíram que era preciso criar um Banco de Medicamentos para ajudar a população sem capacidade financeira. "Criámos esse mecanismo de reserva, para o qual pessoas individuais ou empresas podem contribuir, e que é activado em caso de necessidade", explicou o presidente da Câmara Municipal, Hermínio Loureiro. Ao banco, utilizado "em último recurso" e activado em "situação-limite", "recorrem mais pessoas idosas, maioritariamente mulheres".
Desde 2002, a autarquia já recorreu aos fundos do banco para conceder 18 apoios. "Temos a noção clara de que vai aumentar o recurso ao Banco de Medicamentos, tendo em conta a situação que estamos a viver, e que 2011 será um ano de maior afluência", afirmou Hermínio Loureiro, adiantando que neste momento o banco tem cerca de seis mil euros disponíveis.
Em Abrantes também se prevê que o recurso ao Banco de Medicamentos, criado há cerca de um ano pelo padre José Graça, aumente este ano. "A tendência é para aumentar. As receitas não sobem e as despesas aumentam", disse o cónego, demonstrando preocupação com o aparecimento de mais casos de "pobreza envergonhada".
Dois dias por semana, no posto de enfermagem da paróquia de São Vicente, voluntários recebem fármacos que já não têm utilização e que estejam dentro dos prazos de validade para serem entregues "a quem mais necessita". "Só entregamos medicamentos perante receita do médico. Se houver medicamento, entregamos ao doente. No caso de não haver, a paróquia procura dar uma resposta comprando numa farmácia", explicou.
A recolha de medicamentos para ajudar quem não os pode comprar arrancou nos Açores em 2005 como experiência-piloto nos centros de saúde de Vila do Porto, em Santa Maria, e da Praia da Vitória, na Terceira. Há cerca de um ano começou a funcionar em Ponta Delgada, em São Miguel, e a ideia do Governo Regional é implementar os bancos de medicamentos em todos os centros de saúde.
"Recolhemos medicamentos que não estão a ser utilizados para poderem ser redistribuídos, mas também para que não vão para o lixo convencional", explicou a médica Manuela Resendes, que acrescentou que ao longo de 2010 foram recolhidos cerca de 5 mil euros em medicamentos em condições de serem reutilizados.