Autarca quer alargar reforma de Lisboa a todo o país
O socialista Miguel Coelho, que preside à Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, em Lisboa, propôs hoje ao congresso da Anafre que assuma o objetivo de alargar a "reforma de Lisboa" a todo o país, em contraponto à reforma administrativa do Governo.
No segundo dia do congresso da Associação Nacional de Freguesias (Anafre), que decorre em Aveiro, Miguel Coelho fez o contraponto da reforma das freguesias de António Costa com a de Miguel Relvas, para exaltar o sucesso da primeira e defender que deve ser copiada no resto do país.
"A grande diferença é que a reforma de Lisboa foi um processo e não um ato isolado, feito a regra e esquadro, sob pressão de entidades internacionais, com o falso objetivo de se dizer que era para poupar recursos e dar maior racionalidade", disse.
Segundo Miguel Coelho, este ano, a Câmara de Lisboa recebeu menos 68 milhões de euros do Estado, verba que foi transferida diretamente para cada uma das novas freguesias.
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"Na reforma de Lisboa, as freguesias têm um nível de competências muito maior do que tinham antes, em vários domínios, que as transformam numa espécie de mini câmaras, e lhes dá uma maior capacidade de dar resposta diária aos problemas das pessoas, que têm na freguesia o primeiro contacto", elogiou.
Ao propor ao congresso que a Anafre assuma como objetivo que seja aplicado a todo o país o modelo de competências próprias que as freguesias de Lisboa possuem, Miguel Coelho foi bastante crítico em relação à política que tem sido seguida pelo Governo.
"Em Lisboa foi um processo pensado, estudado e lançado, que durou quatro anos e a reforma do Governo do PSD durou três meses. A reforma do Governo limitou-se a cortar o território a regra e esquadro, enquanto a de Lisboa foi feita com base em estudos. A reforma do Governo não atribui às freguesias nenhum novo tipo de competências, enquanto a reforma de Lisboa consagrou um conjunto de competências, que transforma as freguesias em órgãos com muito mais poder e muito maior capacidade e eficácia de intervenção", comparou.
A grande diferença, acentuou, é que a transferência de competências para as juntas "deixa de estar dependente da vontade do presidente da Câmara", enquanto a solução do Governo, em que municípios e freguesias contratualizam essa transferência, deixa ao critério arbitrário do presidente da Câmara e à sua vontade política celebrar, ou não, com umas ou com todas, celebrar acordos de execução.
A intervenção de Miguel Coelho mereceu críticas imediatas do orador seguinte, presidente da Junta de Palmela, Fernando Baião (CDU), que acusou António Costa e o PS de terem "aberto a porta" ao que o Governo veio depois a fazer, ao reduzir o número de freguesias em Lisboa.