Associação das Empresas Familiares teme "política da cigarra" com governo PS
Peter Villax esteve reunido com Cavaco Silva e analisou dois cenários: governo de iniciativa presidencial ou um minoritário dos socialistas. E deixou muitos recados a Costa
O Presidente da República recebeu esta sexta-feira o presidente da Associação das Empresas Familiares (AEF) e, à saída do encontro no Palácio de Belém, o presidente daquela entidade disse aos jornalistas que não fez "nenhuma recomendação, num cenário ou noutro" a Aníbal Cavaco Silva. Peter Villax afirmou, contudo, que na audiência com o Chefe do Estado "analisou" dois cenários: um governo de iniciativa presidencial ou um executivo "minoritário do PS" - nunca um governo de gestão.
Sem revelar grandes pormenores sobre o teor da conversa com Cavaco, Villax deixou, contudo, muitos recados a António Costa e foi contundente sobre as preocupações da AEF, nomeadamente em relação ao próximo ministro das Finanças, que deverá "quer por palavras, quer por atos" dar "sinais de confiança aos empresários" - sobretudo por causa das agências de notação financeira.
Muito criticado foram os acordos que os socialistas firmaram com BE, PCP e PEV e a "longa lista de benefícios sociais" que constam desses documentos. "Nada está dito sobre como vão ser financiados", observou Villax na Sala das Bicas, reforçando com uma questão e renovada crítica: "Quais vão ser as políticas económicas do novo governo? Aqueles documentos não contêm nada sobre a redução do desemprego."
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Para o presidente da AEF será perigoso que as políticas desse eventual governo sejam financiadas com os cerca de oito mil milhões de euros acumulados pelo Tesouro para fazer face a eventuais necessidades de financiamento, deixando o alerta: "Passaríamos da política da formiga para a política da cigarra. Portugal já pagou o preço de políticas erradas."
Mesmo admitindo que o produto interno bruto (PIB) poderia crescer em 2016, Villax defendeu que em 2016 pagaríamos o preço de políticas expansionistas.
Já sobre o salário mínimo nacional, notou que deve decorrer de políticas de maior produtividade e que a sua atualização deve ser feita em sede de concertação social. A esquerda, recorde-se, acordou o seu aumento para 600 euros até ao final da legislatura - no próximo ano será de 530 euros.