Acusada de atear fogo a rádio começa a ser julgada
O Tribunal da Lourinhã começa hoje a julgar uma ex-funcionária da estação local de rádio, suspeita de ter ateado fogo às instalações e de ter simulado o seu próprio sequestro.
A mulher é acusada pelo Ministério Público (MP) da autoria de um crime de incêndio e de simulação de sequestro, na sequência de uma investigação em que a Polícia Judiciária (PJ) a considerou a única suspeita de ter incendiado as instalações da Rádio Clube da Lourinhã (RCL).
Os factos remontam à madrugada de 5 de abril de 2012, data em que cerca das 06:40 deflagrou um incêndio nas instalações onde a funcionária se encontrava sozinha, alegadamente a preparar documentação para entregar ao contabilista.
De acordo com a acusação, a mulher afirmou na ocasião ter sido agredida "com uma pancada na nuca" e sequestrada numa marquise nas traseiras das instalações, de onde veio a ser resgatada por funcionários das autarquia que procediam à recolha do lixo e que a teriam avistado à janela, a gritar por socorro.
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Um depoimento que não convenceu a PJ, cujos investigadores concluíram não haver vestígios de "arrombamento" de portas ou janelas que indiciassem a entrada de estranhos na rádio, bem como pela "inexistência de maçaneta" na porta do compartimento onde a funcionária disse ter estado sequestrada.
No relatório da investigação (constante do processo) a PJ conclui ter sido a arguida a autora do incêndio resultante de "uma ação dolosa, através da ignição de dois focos de incêndio (...) nos sofás do hall de entrada da RCL".
A PJ considera que as declarações prestadas pela arguida "são falsas e não oferecem qualquer credibilidade" e manifesta no relatório a "firme convicção que o sequestro foi simulado" e o incêndio praticado "com premeditação, por motivo fútil, denotando a arguida uma frieza de caráter invulgar, que lhe permitiu simular um crime de sequestro que sabia lhe iria proporcionar a compaixão dos outros e criar um álibi".
O julgamento do caso que obrigou ao encerramento temporário da rádio inicia-se hoje às 09:30, no Tribunal da Lourinhã.