Açores gastam 10 milhões para salvar lagoa em risco
O Governo dos Açores quer gastar este ano 10 milhões de euros na compra e encerramento das explorações agro-pecuárias que estão a contribuir para a afluência de fertilizantes e agravamento da eutrofização - excesso de nutrientes que causa o crescimento anormal de algas - na Lagoa das Furnas, em São Miguel.
O Secretário Regional do Ambiente e do Mar (SRAM), Álamo Meneses, revela ao DN que já foram contactadas, para serem "adquiridas ao longo de 2009", todas as explorações que contribuam com quantidades apreciáveis de nitratos e fósforos para aquela lagoa, que se encontra numa situação mais preocupante que a das Sete Cidades. O objectivo é a "retirada total" da agro-pecuária intensiva dentro da bacia hidrográfica.
"É um processo com um grande impacto social, porque implica uma intervenção grande na compra de terrenos. Só na sua aquisição, serão despendidos 10 milhões de euros", salienta Álamo Meneses. A operação, que pretende ser a maior de sempre da SRAM, estender-se-á ao reforço do arejamento da lagoa, embora aqui o avultado esforço financeiro seja feito em coordenação com o plano energético para a ilha de São Miguel. No total, segundo o governante, "estamos a falar de muitas dezenas de milhões de euros de investimento para resolver o problema da eutrofização".
As lagoas beneficiadas pelo plano de intervenção são, prioritariamente, a Lagoa das Furnas e a das Sete Cidades. Mas é sobretudo na primeira, ex-libris natural de São Miguel e cartaz turístico dos Açores, que Álamo Meneses pretende imprimir maior rapidez e profundidade nas acções. Percebe-se porquê: embora o pior já tenha passado, "a Lagoa das Furnas está muito longe de estar numa situação saudável e precisa de um grande investimento".
Há dois anos, as chuvadas que se abateram sobre a ilha provocaram afluências anormais de nutrientes para a lagoa, que agravou o estado de eutrofização da reserva hídrica. Se nada fosse feito, a Lagoa das Furnas seria um pântano dentro de anos, tal como, de resto, os moradores da zona já chegaram a vaticinar. "É fácil destruir o equilíbrio de uma lagoa ou de um ecossistema. Conseguimos dar cabo da lagoa num ano, agora recuperá-la não segue a vontade nem dos governos, nem das pessoas", enfatiza o secretário regional, que não arrisca uma data para que as duas lagoas -e em especial a das Furnas - voltem ao estado de pureza que tinham nos anos 60.