Passos recusa ficar em gestão e só vê em Costa "medidas que agravam a despesa"
Líder do PSD diz que aliança de esquerda tem poucas condições para ser "estável, duradoura e credível"
Passos Coelho admitiu publicamente que não pretende ficar à frente de um governo de gestão. Já o tinha dito, portas fechadas, no Conselho Nacional, terá transmitido essa mesma opinião hoje mesmo a Cavaco Silva, e assumiu-o esta noite na entrevista à RTP.
"Estou em gestão dure o tempo que durar. Mas seria um mau princípio pensar que a melhor solução seria deixar a fazer de conta que governa um Governo que tem uma maioria absoluta do Parlamento contra si", afirmou.
Quem assume a responsabilidade de derrubar o governo tem a obrigação de apresentar uma solução, uma alternativa
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A ideia é repetida por Passos Coelho, que no entanto é muito crítico com o programa do Partido Socialistas.
Até à data, só vejo medidas que agravam a despesa e diminuem as receitas
Passos está descrente quanto à aliança à esquerda, que considera ter poucas condições para ser "estável, duradoura e credível". E acrescenta: "Tanto quanto parece, não estão reunidos condições para PCP, BE e PEV possam entrar no governo".
"No dia em que o PS tiver de depender dos votos do PSD ou do CDS-PP para aprovar alguma matéria que seja importante, eu espero é que o doutor António Costa peça desculpa ao país, diga que enganou o país na solução que corporizou ao derrubar o Governo anterior para poder oferecer um Governo minoritário e instável no parlamento, e se demita", afirmou Pedro Passos Coelho.
"O PS não tem nenhuma legitimidade para nos pedir seja o que for
O presidente do PSD e primeiro-ministro em exercício assumiu esta posição numa entrevista à RTP, depois de ter defendido que o secretário-geral do PS "devia melhorar" a solução governativa a apresentar ao Presidente da República, apontando duas alternativas: ou "uma coligação de Governo" ou "um acordo digno desse nome", que assegure a aprovação dos orçamentos.
O primeiro-ministro garantiu ainda nesta entrevista a Vítor Gonçalves que o PSD irá apoiar Marcelo Rebelo de Sousa e que não acredita que surja uma nova candidatura à direita. E garante: "Não vai haver divisões na nossa área política. Por isso, não deveremos ter a mesma posição que o PS".
O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, negou hoje que tenha havido da parte do Governo PSD/CDS-PP "qualquer intenção de manipular os números" das previsões de devolução da sobretaxa de IRS em 2016.
Não houve qualquer intenção de manipular os números
Em entrevista à RTP, Passos Coelho referiu que "o Ministério das Finanças poderá fornecer uma explicação mais detalhada" sobre o que levou a que a percentagem de devolução prevista por alturas da campanha eleitoral fosse de 35% e tenha vindo a diminuir, sendo agora de zero.
"É verdade que essas variações ao longo dos últimos meses foram sensíveis, mas não é verdade que tenham resultado, como já ouvi, de qualquer intenção de manipular os números", afirmou. "Essas evoluções não são fabricadas, representam mês a mês o que os números da Autoridade Tributária mostram", acrescentou, considerando, porém, "natural" que esta evolução suscite dúvidas.