Abaixo-assinado no PSD para provocar directas já
Distritais de Lisboa e Porto querem antecipação das directas. E a de Setúbal vai apelar aos militantes de base através da Internet
Depois deste fim-de-semana os presidentes das distritais de Lisboa, Porto e Faro do PSD terem apelado à realização de eleições internas urgentes, agora é a vez da distrital de Setúbal recolher o apoio das bases para pressionar a direcção de Manuela Ferreira Leite a convocar já as directas. A estrutura liderada por Bruno Vitorino vai lançar um abaixo-assinado na Internet, uma espécie de petição online à direcção nacional, para que os militantes de base "mostrem a Ferreira Leite o quanto desejam a rápida clarificação interna", disse ao DN o dirigente social-democrata.
O PSD, diz Bruno Vitorino, "está órfão. Tem uma líder que já não é líder e que já não coordena nada. O PSD não pode esperar mais". O presidente da distrital de Setúbal do PSD espera que a adesão dos militantes ao abaixo-assinado, e a pressão política que possam exercer, "faça acordar Ferreira Leite e fazê-la ver o mal que estar a fazer ao partido".
Bruno Vitorino, que lidera uma distrital que vai a votos em Janeiro, rejeita a ideia de que os processos eleitorais que vão ocorrer nalgumas daquelas estruturas, por exemplo em Lisboa, Guarda e Bragança, possam servir de entrave à escolha da nova liderança. "As coisas podem perfeitamente correr em simultâneo".
Carlos Carreiras, que vai defrontar a 3 de Dezembro em Lisboa o deputado Jorge Bacelar Gouveia (ver caixa) para presidência da distrital de Lisboa, também partilha dessa visão e defende ser urgente a clarificação no partido. E até lançou fortes acusações ao secretário-geral do PSD, Luís Marques Guedes, de que estaria a tentar interferir no processo eleitoral em Lisboa.
Marco António Costa, recém eleito líder da distrital do Porto, foi duro ao considerar "moribunda" a actual direcção do partido. Destacou ainda a "instabilidade interna" que leva "figuras cimeiras do partido a atacarem a direcção do grupo parlamentar".
Virgílio Costa, presidente de outra das mais importantes distritais do PSD, a de Braga, admite que "já não se sente autoridade" na Comissão Política Nacional. Mas frisa que este clima já era expectável no último Conselho Nacional em que foi acordada a data para desencadear directas no partido. "O partido tem que ter estabilidade e para isso deve manter a coerência com as decisões que tomou", afirma o dirigente social-democrata bracarense. As eleições directas devem, diz, "ser tão cedo quanto possível", mas nunca "sob pressão de quem quer que seja, mesmo que seja das distritais que têm interesse nisso". Virgílio Costa entende que o processo das eleições internas deve ser desencadeado logo após a apresentação do OE, ou seja, no final de Janeiro.
A mesma posição é subscrita por Álvaro Amaro, líder da distrital da Guarda - e que vai a votos no dia 5 de Dezembro contra Ana Manso. "Discordo que se espere pela votação final do OE".