"A ideia de que não se corta na despesa é errada"

O presidente do CDS-PP pediu hoje aos deputados do partido que expliquem aos portugueses o aumento de impostos, sustentando que o cumprimento do memorando da troika "não é uma questão de opinião", mas uma obrigação.

"Eu queria pedir sobretudo aos deputados e, por intermédio deles, aos cidadãos que dêem alguma atenção ou leiam com algum detalhe o documento de estratégia orçamental", afirmou Paulo Portas, sublinhando que "não foi o FMI, não foi o BCE, não foi a Comissão Europeia que pediram para emprestar dinheiro a Portugal, foi Portugal que cometeu demasiados erros quanto à despesa e quanto à dívida que teve de pedir dinheiro para poder não ser declarado insolvente em Junho passado".

No encerramento das Jornadas Parlamentares do partido, no Funchal, Paulo Portas lembrou que apenas a sobretaxa no subsídio de Natal e o imposto sobre os rendimentos maiores não estavam previstas no documento e criticou ainda quem diz não haver cortes na despesa.

"A ideia de que não são feitos cortes na despesa é uma ideia absolutamente errada", disse Paulo Portas, referindo que "todos os ministérios estão a procurar fazer com um máximo de critério possível uma redução sem precedentes na despesa de funcionamento".

A este propósito exemplificou que, "no próximo ano, o Estado vai baixar em mil milhões de euros os seus consumos intermédios", em pareceres, eventos, viagens, publicidade ou comunicações. Paulo Portas garantiu ainda que, apesar da austeridade, há uma "ética social", apontando as medidas para os mais desfavorecidos, de que destacou o Programa de Emergência Social.

O responsável explicou também por que razão está a ser pedido este esforço aos portugueses, defendendo a necessidade de o país nunca mais pedir dinheiro emprestado, ter uma situação de equilíbrio orçamental ou diminuir a dívida pública, mas também para que em 2012 se retome "um caminho assente em crescimento económico e criação de emprego".

"Dirão alguns, é pouca coisa, eu não acho, acho que é mesmo o essencial dadas as circunstâncias que o país se encontra", declarou Paulo Portas, lembrando que "Portugal não se encontra sozinho na Europa nem no mundo". Referindo que "paulatinamente" a situação de Portugal "em termos internacionais já não é tão associada à situação de outros países", o responsável advertiu contudo que "o que não está ao nosso alcance é controlar circunstâncias externas".

Mas está ao alcance do país, continuou Paulo Portas, cumprir o memorando, porque um país que pede ajuda externa "só pode recuperar a sua independência e a sua autonomia sendo rigoroso, sendo escrupuloso e construindo de si próprio lá fora essa reputação".

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