Ventura. "É terra a terra, rua a rua, que nos tornaremos governo de Portugal"
O reeleito líder do partido prometeu mobilizar no país todos os que desistiram de votar. Atacou as forças que traçam uma "linha vermelha" a entendimentos com o Chega, como a IL, e disse que só o "povo" decide quem governa.
No discurso de encerramento da V Convenção do Chega, o reeleito líder do partido voltou a garantir: "Vamos fazer deste partido o maior partido de Portugal".
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André Ventura, eleito quase por unanimidade, garantiu que não é um partido de um "homem só" e que só com a força de todos tem sido possível "meter medo aos dois maiores partidos". Quanto ao Chega garantiu estar "mais unido do que nunca", com "amadurecimento" e "enorme ambição para transformar Portugal". O que, afirmou, se mede "pelos desafios eleitorais" já travados e apontou à eleição na Madeira este ano.
Contra "a crescente emigração ilegal" e a "destruição da família europeia", Ventura promete fazer de tudo para denunciar os "escombros" em que se transformou o projeto europeu. "Vamos ter o melhor resultado da nossa história", promete já a olhar para as eleições europeias de 2024.
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De seguida dirigiu palavras ao eleitorado que pretende atingir, algum até já distante dos acontecimentos atuais, como o milhares de ex-retornados das ex-colónias. Mas também aos "que vestem a farda". "Seremos a voz dos que não têm voz no Parlamento", garantiu.
Num "país enredado em escândalos de corrupção", Ventura reafirmou que esta será a "principal batalha" do partido. Brandindo a luta dos professores e dos profissionais de saúde, o líder do Chega atacou o "sistema". O da "classe política privilegiada que reclamou para si todos os apoios e proteções judiciais mas não quis dar aos seus o mesmo. O PCP nunca pagou um cêntimo de IMI na vida. É esta hipocrisia que mata o sistema político português".
Em Santarém, André Ventura voltou a atacar os que dizem que há uma "linha vermelha" que não permite entendimentos como Chega - como o novo líder da Iniciativa Liberal, Rui Rocha. "Só o povo pode estabelecer linhas vermelhas. Só obedecemos a uma entidade - é ao povo português".
E apela "aos que deixaram de votar" para ouvirem "essa voz transformadora" do Chega. "À medida que nos atacam mais, espezinham mais e que chamam xenófobo e fascista, é nessa força que nos tornamos mais fortes. É terra a terra, rua a rua que nos tornaremos governo de Portugal", garantiu. "António Costa já chegou ao fim", gritou ainda.
A sua direção nacional foi eleita com 91,9%, ou seja com a maior votação de sempre. Para vices escolheu António Tânger Correa; Pedro Frazão e Marta Trindade. Para adjuntos Pedro Pinto; Rui Paulo Sousa; Diogo Pacheco Amorim; Patrícia Carvalho; Ricardo Regalla e Rita Matias.
Extrema-direita europeia
Antes do encerramento falaram os líderes da extrema-direita europeia convidados para a convenção. O eurodeputado Jordan Bardella, que sucedeu a Marine Le Pen como líder do partido francês União Nacional, Tino Chrupalla, do Alternativa para a Alemanha (AfD), Geert Wilders, do Partido da Liberdade (PVV), dos Países Baixos, Tom Van Grieken, do Vlaams Belang (VB), da região belga da Flandres, e Boris Kollar, do movimento eslovaco Sme Rodina (Somos Família). E ainda Rocío Monasterio, líder do Vox em Madrid, e Cláudiu Tarziu, da Aliança para a União dos Romenos (AUR).
Entre os convidados, a primeira a discursar foi a espanhola Rocío Monasterio, que se manifestou convencida que há "um novo horizonte que já está próximo em que os patriotas vão ter muito a dizer". E tentou unir o Vox ao Chega: "Fizeram propaganda contra nós mas foi banha da cobra".
Tino Chrupalla apelou à necessidade de "uma Europa segura" que "precisa de paz e de uma posição soberana no mundo". O presidente do AfD fala na necessidade de "uma Europa segura", que "precisa de paz e de uma posição soberana no mundo". Já Cláudiu Tarziu disse que "a União Europeia deve deixar de se envolver nas guerras de outros povos e deve concentrar-se em proteger os seus estados membros".
Jordan Bardella parabenizou André Ventura por "ter transformado o desespero do povo num movimento político respeitável em tão pouco tempo", criando "um partido que gera admiração em toda a Europa". E Tom van Grieken lembrou que Portugal é "um dos poucos países dominados por comunistas e socialistas", mas sublinhou que "os impressionantes resultados [do Chega] provam que os dias de esquerda estão a chegar ao fim".
Geert Wilders foi ainda mais longe ao profetizar: "Da próxima vez que estiver aqui, prometam-me que não apenas serão o maior partido como André Ventura será primeiro-ministro".