Ventura diz que remodelação mostra executivo em "acelerado processo de degradação"
O presidente do Chega diz que a exoneração dos secretários de Estado da Economia e do Turismo, Comércio e Serviços demonstra, "provavelmente, que o Governo está numa fase um pouco estranha de decomposição".
O Chega considerou esta terça-feira que a remodelação no Governo demonstra que o executivo socialista está em "acelerado processo de desagregação" e criticou a escolha de Mendonça Mendes para Adjunto de Costa por ser irmão de uma ministra.
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"O Governo está em acelerado processo de desagregação, isso parece-me evidente", sustentou o presidente do Chega, André Ventura, em declarações na Assembleia da República, pouco depois de ser conhecida a remodelação no executivo.
O primeiro-ministro mudou hoje dois dos três secretários de Estado na tutela do ministro da Economia e escolheu António Mendonça Mendes para seu secretário de Estado Adjunto, de acordo com uma nota na página da Presidência da República na internet.
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"O Presidente da República aceitou hoje as propostas do Primeiro-Ministro de exoneração de três secretários de Estado: dos Assuntos Fiscais, da Economia, e do Turismo, Comércio e Serviços, bem com as seguintes propostas de nomeação", refere a nota.
André Ventura acrescentou que a exoneração dos secretários de Estado da Economia e do Turismo, Comércio e Serviços demonstra, "provavelmente, que o Governo está numa fase um pouco estranha de decomposição".
O presidente do partido de extrema-direita recordou que os governantes exonerados tinham criticado as declarações do ministro da Economia, António Costa Silva, sobre uma redução generalizada do IRC.
"Provavelmente António Costa Silva encostou António Costa à parede. A polémica do IRC deixou claro que os secretários de Estado que saíram contra o ministro na verdade deram mais peso ao primeiro-ministro. Ora, para serem demitidos pelo próprio primeiro-ministro é porque António Costa Silva disse: 'Ou estes secretários de Estado saem ou eu vou-me embora'", elaborou Ventura, que questionou também como estará a relação entre António Costa, o ministro da Economia e o ministro das Finanças, Fernando Medina.
Na opinião de André Ventura, o primeiro-ministro "não quis arriscar mais uma crise com um ministro".
O presidente do Chega também criticou a escolha de Mendonça Mendes para novo secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro, por ser irmão da ministra-adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes.
"Tenho a maior consideração por António Mendonça Mendes, aliás, tive vários debates com ele no parlamento, onde foi sempre reconhecida a sua enorme capacidade técnica e política, e o seu conhecimento, sobretudo, na área da fiscalidade. Mas não acho, e o Chega não acha, positivo que o irmão de uma ministra esteja a coordenar o Governo", explicou o presidente do partido.
A escolha de Mendonça Mendes para "homem forte do primeiro-ministro" sendo ao mesmo tempo familiar de Ana Catarina Mendes, na opinião de Ventura, contradiz a intenção do Governo de "combater o nepotismo e as teias de cumplicidade" e é "mais lenha para a fogueira" de casos no executivo suportado por uma maioria absoluta do PS.
António Mendonça Mendes deixa as funções de secretário de Estado dos Assuntos Fiscais para ocupar o lugar de secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro, que estava em aberto desde a demissão de Miguel Alves.
Pedro Cilínio substitui João Neves como secretário de Estado da Economia e Nuno Fazenda é o novo secretário de Estado do Turismo, Comércio e Serviços, cargo até aqui desempenhado por Rita Marques.
A posse dos novos titulares terá lugar na sexta-feira, 02 de dezembro, pelas 12h00, no Palácio de Belém.