Sócrates está a ser "usado para atacar" o Presidente

O presidente do Governo regional da Madeira, Alberto João Jardim, afirmou hoje que como metade da entrevista televisiva de José Sócrates foi para criticar o Presidente da República, isso mostra que "alguém" está a "usá-lo para atacar" Cavaco Silva.

"Cerca de 50 por cento do tempo da entrevista foi para atacar o Presidente da República. Estou convencido que alguém está interessado em chamar José Sócrates a Portugal para usá-lo a atacar o Presidente da República. Só quem é tolinho é que não vê que há ali um propósito claro de fazê-lo vir para atacar o Presidente da República, em nome de Cavaco Silva não pactuar com certas coisas seja de que governo for", opinou Jardim.

O governante madeirense, que está a gozar um período de férias da Páscoa na ilha do Porto Santo, comentava assim em declarações à agência Lusa e ao Jornal da Madeira a entrevista que o ex-primeiro-ministro, José Sócrates, deu na quarta-feira à noite à RTP.

Jardim considerou que "primeiro, a estratégia da entrevista estava bem montada e era a da vitimização", argumentando que "na vitimização procura-se jogar com o tempo e fazer esquecer que o PEC 4 (programa de estabilidade e crescimento) era já mais ou menos este plano de assistência financeira em curso".

"Em segundo lugar, foi a insistência do seu Governo que chamou a 'troika' para aqui. Portanto, não vamos estar agora a esquecer a verdade objetiva", sublinhou o responsável do executivo regional.

Declarando que "toda a gente tem o direito de falar", Jardim disse que se deu "à pachorra" de ver a entrevista, destacando que tinha curiosidade de ver "se a habitual lata do engenheiro Sócrates estava em forma ou se ele tinha perdido essa lata que o caracterizava, e de facto não a perdeu".

"Dois anos depois, penso que Paris não lhe fez mal", observou.

Alberto João Jardim sublinhou "não poder esquecer as responsabilidades" de José Sócrates em relação à Madeira "com aquela vergonhosa Lei de Finanças Regionais de 2007 e que, vergonhosamente, esta gente que está agora no Governo da República parece querer reeditar".

"Em segundo lugar, não posso esquecer o golpe terrível que o Governo de José Sócrates deu ao Centro Internacional de Negócios da Madeira. São coisas que não se esquecem e como costumo dizer, perdoar perdoa-se tudo, mas quem esquece é parvo e olho para ele como o responsável por essas coisas".

Apesar das críticas, Jardim admite concordar com a opinião de José Sócrates quanto às medidas de austeridade.

"Devo reconhecer que ele disse a mesma coisa que eu ando a dizer há mais de seis meses: basta de austeridade, esta austeridade não é o caminho para recuperar Portugal", frisou.

E complementou: "Concordei com ele quanto à crítica aos processos de austeridade que estão a ser seguidos, mas não concordei com ele em relação à vitimização porque ele é de facto o responsável pelo que sucedeu e sobretudo pelo mal que fez à Madeira", complementou.

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