Socialista nega ter defendido não pagamento da dívida

O deputado socialista Pedro Nuno Santos defendeu, durante um jantar de Natal socialista no passado fim-de-semana, que Portugal deve "marimbar-se" para os credores e até avisou os mercados: "Ou os senhores se põem finos, ou nós não pagamos" (ouça o áudio nesta página). No entanto, o também vice-presidente da bancada do PS disse hoje à Lusa que nunca defendeu que Portugal deixe de pagar a dívida aos países credores como sugerem declarações suas feitas no sábado e captadas pela Rádio Paivense FM.

Essas declarações "são alguns segundos de uma intervenção muito longa, mas não fiz a apologia ao não pagamento da dívida", afirmou Pedro Nuno Santos à Lusa.

"Aquilo que quis dizer é que um Governo na situação em que o nosso está deve usar todas as armas negociais para impor melhores condições e, de certa forma, aliviar os sacrifícios que têm sido impostos ao povo português. E isso reafirmo", acrescentou.

Num jantar de Natal do PS em Castelo de Paiva, o vice-presidente da bancada do PS referiu que Portugal devia ameaçar deixar de pagar a dívida nacional externa. Pedro Nuno Santos, líder do PS-Aveiro, disse que o Governo devia ignorar as exigências dos credores internacionais e dessa forma poupar os portugueses aos sacrifícios a que estão a ser obrigados.

"Nós temos uma bomba atómica que podemos usar na cara dos alemães e franceses -- ou os senhores se põem finos ou nós não pagamos. As pernas dos banqueiros alemães até tremem", disse na altura em declarações captadas pela Rádio Paivense FM e retransmitidas hoje pela Renascença.

"A primeira responsabilidade de um primeiro-ministro é tratar do seu povo. Na situação em que nós vivemos, estou-me marimbando para os credores e não tenho qualquer problema enquanto político e deputado de o dizer", acrescentou no jantar.

"Eu fiz uma intervenção num jantar de militantes num registo mais popular e informal, mas reafirmo o que quis dizer", assegurou hoje à Lusa o também presidente da Federação de Aveiro do PS.

"Vivemos uma crise existencial na Europa, não estamos num tempo de falinhas mansas e se tivermos de optar entre os interesses dos países credores e os interesses do povo português, não hesitarei - e acho que nenhum político deve hesitar - na defesa dos interesses do povo português", explicou.

"Há limites para os sacrifícios que se pode impor a um povo e se a situação económica em Portugal continuar a agravar-se, o Governo português - como qualquer Governo de países periféricos em dificuldades - deve usar todas as armas negociais que tiver ao seu dispor para conseguir melhores condições para o crescimento económico e até para o pagamento da própria dívida", adiantou ainda, acrescentando que "foi com este objectivo que fez aquelas declarações".

Sublinhando que a dívida de Portugal é "uma arma negocial", Pedro Nuno Santos defendeu também que os países periféricos endividados "deviam constituir uma aliança - tal como faz a França e a Alemanha - e pressionar mudanças na União Europeia que permitam não sacrificar mais os povos".

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