Seguro recandidata-se. Costa avança se não houver união
O secretário geral do PS exigiu uma clarificação da posição de António Costa relativamente à liderança do partido e lamentou que tenha havido "deslealdade". O autarca de Lisboa diz que se candidata se não houver união.
O secretário-geral do PS anunciou hoje, no discurso que abriu a reunião da Comissão Política Nacional do PS, que se recandidata à liderança nas próximas eleições diretas, num discurso em que afirmou que impedirá que agendas pessoais condicionem o combate político e que haja "um regresso ao passado".
Já António Costa só se referiu à Câmara de Lisboa ao longo da sua intervenção e não assumiu claramente candidatura à liderança do PS. Segundo fontes socialistas, o autarca terá dito que avançará no futuro para a liderança se Seguro não conseguir unir o partido.
De acordo com dirigentes próximos do presidente da Câmara de Lisboa, António Costa fez um ultimato ao líder socialista e manifestou-se disponível para se recandidatar à autarquia da capital.
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"António Costa disse que, ou António José Seguro consegue unir o partido, ou então candidata-se à liderança do PS, porque está em melhores condições para o fazer", disseram à agência Lusa os mesmos dirigentes.
Perante a Comissão Política do PS, António Costa dirigiu-se a António José Seguro e fez perguntas concretas: "Considera que é capaz de unir o partido, ou vai fazer um congresso a falar de deslealdade, sem assumir a História do partido e sem se preocupar com a unidade do PS? Quer dividir ou quer unir o PS ?".
Desde o fim da tarde que circulava a informação de que Costa iria avançar, depois de ter convocado de repente os vereadores da câmara para uma reunião.
Antes do arranque dos trabalhos da Comissão Política, o deputado "socrático" Renato Sampaio parecia confirmar que António Costa iria avançar para a corrida à liderança. "O secretário geral do PS vai pedir uma clarificação e António Costa vai responder positivamente a essa clarificação", anunciou Renato Sampaio à chegada à sede do PS, no largo do Rato, em Lisboa.
E o que disse foi acerca da Câmara de Lisboa, nunca tendo assumido claramente que estava na corrida à liderança do PS.
Já António José Seguro disse, segundo fonte oficial socialista, que será recandidato a secretário-geral do PS. "Não admito que nenhum combate político seja condicionado por meras ambições pessoais ou pelo regresso ao passado", afirmou, na sua intervenção inicial na reunião da Comissão Política socialista.
Na sua intervenção, que fontes da direção dizem ter sido muito aplaudida, o secretário-geral do PS lamentou que, na discussão sobre o processo interno do partido, tenha havido "irresponsabilidade, deslealdade" e uma atitude de colocar em causa a sua liderança, razão pela qual defendeu a necessidade de "uma clarificação".
Ainda de acordo com a fonte, o secretário-geral do PS afirmou que, nos órgãos próprios do partido, as críticas à sua direção "nunca foram feitas", embora houvesse no último ano e meio "um ambiente de facção".
Depois, António José Seguro exigiu "lealdade" e "responsabilidade", sobretudo perante os candidatos autárquicos do seu partido e acusou que a atual situação "não tem a ver com política, mas com lugares".
Em outro ponto do seu discurso, ainda de acordo com a mesma fonte oficial, o líder dos socialistas disse que, "no momento em que os portugueses mais precisam do PS", alguns estão a pôr em causa o esforço feito no último ano e meio, atitude que classificou de "hipocrisia" e de "cinismo".
Neste contexto, avisou então que, enquanto secretário-geral do PS, não permitirá que essa conduta aconteça no seu partido e advogou que a linha programática traçada pela direção nunca foi alvo de rejeição.
António José Seguro lamentou, igualmente, que as questões internas, cujo objetivo se reduziu a "jogos de poder", apenas sirvam para enfraquecer a ação externa do PS.