Secretaria de Estado da Agricultura extinta por decreto
De acordo com o decreto publicado esta sexta-feira, a Ministra da Agricultura e da Alimentação, Maria do Céu Antunes, é coadjuvada no exercício das suas funções pela Secretária de Estado das Pescas. "É uma má notícia para Portugal e para a agricultura portuguesa", critica o presidente do PSD.
Foi extinta esta sexta-feira a Secretaria de Estado da Agricultura por decreto publicado em Diário da República.
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Uma alteração à organização do Governo veio extinguir esta secretaria, passando a haver apenas a secretaria de Estado das Pescas.
De acordo com o decreto, a Ministra da Agricultura e da Alimentação é coadjuvada no exercício das suas funções pela Secretária de Estado das Pescas.
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A última secretária de Estado da Agricultura foi Carla Alves, que esteve apenas 25 horas em funções, devido à enorme polémica com processos que envolviam o marido. Até ao momento, a secretaria de Estado não tinha nomeado ninguém para a substituir.
"É uma má notícia para a agricultura portuguesa", diz líder do PSD
O presidente do PSD já reagiu a esta alteração, considerando que se trata de um "desrespeito muito significativo" do Governo para com o setor da Agricultura.
"Isto é, de facto, a demonstração da desvalorização, mesmo do desrespeito que o Governo português tem por este setor importante da nossa economia, da nossa cultura e até da nossa identidade. É um desrespeito muito significativo que eu não encontro paralelo, afirmou Luís Montenegro durante a "Road to Recovery", uma iniciativa conjunta dos Grupos do Partido Popular Europeu no Parlamento Europeu e no Comité das Regiões e das Delegações do PSD e do CDS-PP para avaliar a implementação do Plano de Recuperação e Resiliência em Portugal.
Na sequência da extinção da Secretaria de Estado da Agricultura, o líder da oposição considerou que o "primeiro-ministro tem uma dificuldade evidente de recrutamento de pessoal político de qualidade".
"Não sei se essa incapacidade não estará associada à circunstância de, talvez, ninguém ter querido ou de ter preenchido, com um parecer favorável, as 36 perguntas do famigerado questionário, que o primeiro-ministro impõe a quem entra no Governa, mas recusa-se a aplicar a quem já lá está agora, porque, provavelmente, tem medo de ficar com menos de metade da equipa que tem hoje", considerou.
Para Montenegro o fim desta secretaria de Estado é "uma má notícia para Portugal e é uma má notícia para a agricultura portuguesa, sem sombra de dúvidas".
Resta ver os efeitos desta decisão do Executivo liderado por António Costa, prosseguiu o líder do PSD. "Não é retórica política. Isto traduz-se no dia-a-dia em dificuldades acrescidas para que o setor da agriculta possa ter políticas que verdadeiramente sirvam os agricultores, a produção nacional", concluiu.
Presidente da CAP. "Ministra da Agricultura é incompetente"
"Isto significa que há um recado do Governo para os agricultores se dedicarem à pesca", acusou o presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), em reação ao fim da Secretária de Estado da Agricultura.
À margem do evento sobre PRR, organizado pelo Partido Popular Europeu, Eduardo Oliveira e Sousa disse que com esta alteração o Ministério da Agricultura ficará reduzido a uma secretaria de Estado, que "não é da área da agricultura, tem a ver com as Pescas".
"Não temos nada contra a pesca, como é óbvio, faz parte da alimentação, é um setor económico da maior importância, a agricultura também era. Pelo menos até hoje", lamentou o representante dos agricultores.
Eduardo Oliveira e Sousa considera que esta alteração não tem a ver com pessoas, mas com escolhas políticas.
"Existem muitas pessoas competentes no país. Não há, neste momento, competência no Ministério da Agricultura. A ministra da Agricultura é incompetente., não consegue lidar com os assuntos da política agrícola comum", acusou o presidente da CAP.
Apelou depois a todos os agricultores para se juntarem às manifestações que a CAP está a desenvolver.
Notícia atualizada às 14:09