Sampaio da Nóvoa critica "nostalgia" de Durão
Sem referir o nome do presidente da Comissão Europeia, o ex-reitor da Universidade de Lisboa apontou o dedo a quem elogiou a "escola que não existia" da ditadura do Estado Novo.
No painel de abertura da Conferência "A Ditadura Portuguesa, porque durou, porque acabou", António Sampaio da Nóvoa deixou esta terça-feira farpas ao presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, que a 12 de abril se mostrou nostálgico do ensino dos tempos da ditadura.
"Apesar de algumas liberdades cortadas, havia na escola uma cultura de mérito, exigência, rigor, disciplina e trabalho", afirmou então Durão Barroso. O ex-reitor da Universidade de Lisboa - depois de caracterizar a Educação no regime do Estado Novo - criticou a "nostalgia que regressa" de "uma educação e uma escola que não existia", estranhando quem defende, "40 anos depois do 25 de Abril", que, "no Portugal não democrático, havia excelência, exigência e mérito".
Sampaio da Nóvoa tinha dito antes que o Estado Novo também durou 48 anos porque o regime teve "capacidade de construir uma rede escolar em todo o país", mas, apontou, tratou-se de "uma escola mínima e medíocre".
A finalizar, o professor universitário - que tem sido apontado como um possível candidato à esquerda às eleições presidenciais, num quadro em que Durão Barroso também é referido como presidenciável à direita - revelou que, "dentro de dias" os portugueses voltarão "ao Largo do Carmo". Com uma intenção: "Para dizermos uns aos outros que há muitos lugares de liberdade." Sampaio da Nóvoa lá estará, disse ele, ao lado dos capitães de Abril que marcaram para ali as suas comemorações do 25 de Abril.