Questão da zona franca justifica pensar sair da UE

O presidente do Governo da Madeira disse hoje que a situação da Zona Franca da região justifica uma reflexão sobre a saída da União Europeia e acusou o Executivo central de não fazer "pressão imprescindível" para a resolver.

"Quanto ao Centro Internacional de Negócios da Madeira [habitualmente designada de Zona Franca], não vemos o entusiasmo e a pressão imprescindível de Lisboa nesta matéria tão decisiva para a Madeira e criminosamente tratada pelo Governo socialista, matéria tão decisiva, a ponto de talvez justificar uma reflexão sobre a nossa saída do âmbito da União Europeia, se necessário, a exemplo de outros territórios autónomos noutros Estados soberanos europeus", afirmou Alberto João Jardim.

Na cerimónia de abertura das comemorações do Dia do Empresário Madeirense, que decorre no Funchal, o governante acrescentou: "Face a este quadro de situação, é evidente o protesto da população madeirense contra o comportamento do Estado português, o qual nos faz cumprir aquilo a que nos obrigámos, mas que não cumpre aquilo a que se obrigou, e que é responsável por um mal-estar político para com a Região Autónoma, pondo em causa a coesão mútua que constrói uma nação".

"Anulados cirurgicamente os três vetores fundamentais da economia madeirense - Turismo, Zona Franca e construção civil - tendo a população madeirense suportado o encargo de todos os investimentos ou a respetiva dívida desde o início da autonomia política e não cumprindo o Estado as suas obrigações constitucionais nas áreas da Saúde e da Educação -- o que levou à dívida da Região Autónoma -- não se estranhará que os madeirenses e porto-santenses se interroguem sobre o posicionamento da República Portuguesa ante todos nós, e vice-versa, numa situação de todo lamentável, mas, na verdade, à qual se chegou", reiterou Alberto João Jardim.

Para o chefe do Executivo insular, "é de interesse nacional, de uma vez por todas, encarar a resolução destas matérias, sem segmentações desarticuladas e sem mais protelamentos".

"É incompetência pensar ser possível governar sem definições e opções claras. Em Portugal e, portanto, também na Madeira, estamos a chegar ao momento de todas as clarificações, desde o próprio regime político às relações entre Estado e a Região Autónoma", declarou, acrescentando: ""s vezes, ao menos, as crises trazem-nos isto de positivo".

Garantindo ser "o mesmo presidente do Governo que em 1978 tomou posse pela primeira vez", Alberto João Jardim referiu "não estar disposto" a misturar-se "com o secundário e o medíocre que, na sociedade madeirense, tantas vezes na História", a fez "ficar pelo caminho".

Num discurso onde elogiou os presentes, considerando ser "de uma grande coragem ser empresário num país como Portugal" e de "um grande arrojo ser empresário no arquipélago da Madeira, numa natureza tão pobre e difícil e num mercado tão pequeno", o chefe do executivo insular sustentou: "Continuo a ter a convicção que sois a grande alavanca de sempre para o futuro da nossa pequena pátria madeirense, assim contribuindo para o renascer da mátria portuguesa".

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