PS/Madeira: denúncias de pressão do poder económico são "casos de polícia"
Rui Caetano, líder parlamentar do PS/Madeira, realçou que "foram os deputados do PSD, que conhecem bem a realidade, que denunciaram jogos e pressões", considerando que a questão não foi suscitada em "conversas de café".
O PS/Madeira defendeu esta quinta-feira ser necessário saber se o atual Governo Regional PSD/CDS é pressionado pelo poder económico e considerou que as declarações de sociais-democratas sobre o assunto remetem para "autênticos casos de polícia".
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"Temos de saber se o Governo Regional de hoje está ao serviço do poder económico ou dos madeirenses", declarou o líder parlamentar do PS no plenário da Assembleia Legislativa da Madeira, no Funchal.
Rui Caetano realçou que "foram os deputados do PSD, que conhecem bem a realidade, que denunciaram jogos e pressões", considerando que a questão não foi suscitada em "conversas de café".
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"Na comissão de inquérito vamos descobrir a realidade desta situação", sublinhou, assegurando que o PS/Madeira "não vai deixar branquear o que andam a fazer aos madeirenses".
Segundo o deputado socialista, "Miguel Albuquerque tem medo do escrutínio", porque numa "reação inicial" disse que "não tinha nada que aturar comissões de inquérito".
Citado recentemente pelo Diário de Notícias, o então deputado eleito pelo círculo da Madeira Sérgio Marques falou de alegadas "obras inventadas a partir de 2000", quando Alberto João Jardim (PSD) era presidente do executivo madeirense, e grupos económicos que "cresceram com o 'dedo de Jardim'".
Sérgio Marques referiu que a governação de Jardim (antecessor do atual presidente, Miguel Albuquerque) "foi fantástica até 2000", mas considerou que "começaram [depois] a inventar-se obras, quis-se continuar no mesmo esquema de governo, a mesma linha, obras sem necessidade, aquela lógica das sociedades de desenvolvimento, todo aquele investimento louco que foi feito pelas sociedades de desenvolvimento".
Na rede social Facebook, o social-democrata explicou depois que estas declarações ao DN foram prestadas em 'off', [alegação que o DN prontamente contrariou: "a publicação do trabalho obedeceu a todas as regras da boa prática do jornalismo"] no âmbito de um trabalho sobre os 47 anos com o PSD no poder na Madeira, numa "parte informal" da conversa, até porque "estão longe de ter atualidade e pertinência".
O diário contrariou o ex-deputado, alegando ter cumprido "todas as regras da boa prática do jornalismo".
O ex-deputado, que fez também parte do governo de Miguel Albuquerque como secretário regional do Assuntos Europeus e Parlamentares, entre 2015 e 2017, afirmou ainda que foi afastado do cargo por influência de um grande grupo económico da região.
Entretanto, anunciou a renúncia ao mandato e a saída da comissão política regional do partido, na sequência desta polémica.
Na quarta-feira, no plenário, o JPP tinha já referido declarações de sociais-democratas a revelar "promiscuidade" entre política e negócios.
Além das declarações de Sérgio Marques, o partido lembrou que, em 2017, Miguel Sousa (que foi nomeado secretário regional em 1984 e se tornou vice-presidente do executivo de Alberto João Jardim entre 1988 e 1992) criticou o "regime caduco" com "braço corrupto" e de um "capataz político, financeiro e empresarial", e "falou da política de esbanjamento de recursos financeiros" que a Madeira não tinha, o que "levou a região à bancarrota".
O deputado do JPP Élvio Sousa também recordou declarações do atual secretário regional do Turismo, Eduardo Jesus, em outubro de 2017, informando: "Confirmo que saio, mas eu não me demiti. Fui dispensado pelo presidente do governo".
Na altura, Eduardo Jesus foi um dos secretários regionais que saíram do executivo no âmbito de uma remodelação feita por Miguel Albuquerque, assumindo no parlamento regional o seu lugar na bancada do PSD, ainda que como independente, condição em que foi eleito.
O JPP relacionou a situação, entre outros aspetos, com o facto de o secretário regional ter anunciado então "uma agenda para reformular o porto" do Funchal, colocando em causa o monopólio do Grupo Sousa (operador marítimo-portuário).
Eduardo Jesus regressou ao executivo em 2019.