Passos acredita que portugueses vão fazer férias
Primeiro-ministro pensa que portugueses não deixarão de fazer férias de verão; terão de as fazer, isso sim, com menos recursos.
Pedro Passos Coelho disse ontem esperar que os portugueses façam uma boa gestão de recursos e possam ir de férias, durante uma visita à Bolsa de Turismo de Lisboa em que brincou com os acontecimentos do último carnaval.
Sem nunca fazer formalmente declarações à comunicação social, Passos Coelho visitou sexta-feira à noite durante quase duas horas a Bolsa de Turismo de Lisboa, no Parque das Nações, acompanhado pela secretária de Estado do Turismo, Cecília Meireles.
Durante a visita, o primeiro-ministro acedeu a pedidos para tirar fotografias e recebeu cumprimentos de várias pessoas, mas também ouviu comentários negativos e foi confrontado por uma professora do ensino público que se queixou dos cortes no seu salário.
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Depois de ter provado um sumos de frutas, um vinho da região do Douro, morcela e presunto, Passos Coelho aceitou fazer um brinde com champanhe, mas pediu que lhe servissem pouca quantidade, o que não aconteceu.
"Está a ver? Foi como no carnaval, ninguém me ligou. Está a ver? Olhe, quase meio copo", comentou o primeiro-ministro para o presidente da Associação Industrial Portuguesa, Jorge Rocha de Matos, que também o acompanhou nesta visita.
Antes, Passos Coelho visitou o "stand" da Madeira, onde elogiou a ilha, comparando-a a "um jardim". Questionado se iria ao Funchal para a festa das flores, em abril, declarou: "Talvez vá. Não tenho nada programado".
Uma jornalista aproveitou esta ocasião para lhe perguntar se pensa que os portugueses vão conseguir tirar férias este ano. "Então a senhora acha que o Governo ia decretar que não houvesse férias?", reagiu Passos Coelho.
Interrogado sobre como é que os portugueses irão fazer férias, com que dinheiro, respondeu: "Fazendo uma boa aplicação dos recursos que têm, como é evidente. Quando há menos, tem de se gastar menos, quando há mais tem de se pensar em ficar com algum de lado para os tempos em que há menos. É isso que eu espero que os portugueses também possam fazer".
Mais à frente, a comunicação social tentou interrogá-lo sobre a decisão da Comissão Europeia relativa à introdução de portagens nas autoestradas sem custos para o utilizador (SCUT), mas Passos Coelho replicou que nada tinha a dizer pois acabara de ser informado sobre o assunto.
No final desta visita, em que defendeu que Portugal tem de se "abrir mais ao exterior" e que "o grande contributo para o turismo deve vir de fora", o primeiro-ministro foi abordado por uma professora do ensino público de Famalicão, colocada em Cascais.
"O meu ordenado mal chega para eu estar cá", queixou-se a mulher, que disse ter um salário base de 1040 euros e considerou que os cortes salariais no setor público foram aplicados sem se ter em conta "as realidades em que se está a cortar".
Passos Coelho contrapôs que "foi isso que se fez" e que os cortes foram "progressivos" e afirmou saber "que é difícil" aceitá-los, mas a professora insistiu que o Governo "foi injusto".
"Posso dar-lhe uma resposta sobre isso? É muito injusto chegar à situação a que se chegou e ter uma dívida tão grande. Isso é injusto. E agora tem de ser corrigido", acrescentou o primeiro-ministro.