Novo Banco. Costa acusa Passos e Carlos Costa de criarem ilusão de ausência de custos

"Foi um gravíssimo erro a forma como o Governo e o senhor governador do Banco de Portugal quiseram criar a ilusão de que a resolução sobre o BES seria feita sem custos para os contribuintes".

O secretário-geral do PS afirmou hoje esperar que a venda do Novo Banco seja a melhor possível, mas criticou Governo e governador do Banco de Portugal por criarem a ilusão de ausência de custos para os contribuintes.

A venda do Novo Banco foi um dos temas abordados por António Costa em resposta a perguntas colocadas por internautas, durante uma sessão de 'live streaming', a partir da sede nacional do PS, em Lisboa, que durou cerca de uma hora e 40 minutos.

"Neste momento, não quero dizer nada que possa prejudicar as negociações e faço votos para que seja alcançado o melhor resultado, com o menor prejuízo para a economia, para o nosso sistema financeiro e, sobretudo, para os contribuintes", declarou o líder socialista.

Neste ponto, Costa optou por recomendar que se aguarde pelo fim das negociações e considerou que é do interesse geral "que se alcance o melhor resultado possível de forma a minorar o impacto muito negativo que isto teria no nosso sistema financeiro e sobre os contribuintes".

Depois, no entanto, criticou duramente a atuação do Governo e do governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, na gestão do processo de transição entre o Banco Espírito Santo/Grupo Espírito Santo (BES/GES) e a criação do Novo Banco.

"Foi um gravíssimo erro a forma como o Governo e o senhor governador do Banco de Portugal quiseram criar a ilusão de que a resolução sobre o BES seria feita sem custos para os contribuintes. A resolução tinha de ser feita, mas nunca se deveria ter iludido os contribuintes", apontou o secretário-geral do PS.

António Costa foi ainda mais longe e disse que, neste processo, já tinha bastado ter-se alimentado a ilusão junto de investidores, "dando sinais repetidos de confiança numa instituição que, como se viu, estava a menos de um mês de entrar em colapso".

"Iludir de novo os contribuintes, fazendo crer que esta resolução não tinha custos, foi um enorme erro", reiterou o líder socialista.

No domínio das privatizações ou concessões a privados, o secretário-geral do PS criticou também duramente a recente opção do Governo de proceder ao ajuste direto na escolha do concessionário dos transportes coletivos do Porto, a STCP (Sociedade de Transportes Coletivos do Porto).

"Esta pressa nas privatizações dos transportes tem muito a ver com os insultos que agora passaram a fazer parte do vocabulário da direita [PSD/CDS], diria que é o desespero e a sensação que o seu tempo de governação está por dias. É inacreditável que uma empresa estratégica como a TAP tenha sido privatizada nas condições conhecidas e em conflito político, mas também é inacreditável que o Governo tenha recusado o acordo com a Câmara de Lisboa sobre a gestão do Metro e da Carris", começou por dizer.

No caso da STCP, António Costa classificou depois como "absolutamente incompreensível que o Governo tenha primeiro ignorado todos os avisos das autarquias sobre as ilegalidades do concurso, tenha visto em seguida o concurso anulado por ilegalidades e agora, em vez de se conformar e aguardar pelas eleições, recorra um truque legal de forma a conceder por ajuste direto aquilo que não conseguiu em concurso público".

"É lamentável que um Governo a pouco mais de um mês das eleições não se contenha nos limites próprios de um executivo que se deveria considerar de gestão e continue a sacrificar bens públicos essenciais como é a rede de transportes do Porto", declarou o secretário-geral do PS.

Entre as mais de 230 perguntas colocadas a António Costa na sessão de 'live streaming', a Segurança Social e o emprego foram dois dos temas mais repetidos pelos internautas.

Na Segurança Social, o líder socialista procurou distinguir a sua proposta de manutenção do sistema público de uma "privatização" parcial do sistema - ideia que atribuiu à proposta da coligação PSD/CDS.

Caso se avance para o chamado plafonamento de parte das contribuições, na ótica de António Costa, as consequências serão nefastas para a sustentabilidade da Segurança Social.

Tomando como fasquia o montante de dois mil euros mensais a partir do qual se poderá teoricamente fazer o plafonamento, António Costa estimou depois que, apesar de só abranger oito por cento dos contribuintes, "representará mais de 15 por cento de perda do total das receitas".

No plano do emprego, António Costa defendeu a absoluta necessidade de se colocarem mais jovens no mercado de trabalho, principalmente nas empresas, tendo em vista modernizá-las e, por essa via, melhorar a sua competitividade.

"Temos de fugir a uma espiral de morte económica, com uma mão-de-obra cada vez mais envelhecida e com uma população ativa cada vez mais pequena", acrescentou.

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