Marques Mendes critica atraso dos fundos estruturais

Conselheiro de Estado deixa críticas no mesmo dia em que o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa alertou sobre a execução dos fundos europeus. Marques Mendes recusa ainda "otimismo irrealista" e diz que a inflação prevista no OE é "impossível"

O Conselheiro de Estado e antigo líder do PSD Luís Marques Mendes defendeu este sábado que o país tem de ter a "capacidade de gastar" os fundos comunitários" e alertou que "o próximo ano não vai ser um ano fácil": "Nem pessimismo em exagero, nem otimismo completamente irrealista", defendeu na intervenção que fez no segundo dia do XIV Congresso da Ordem dos Revisores Oficiais de Contas.

No mesmo dia em que Marcelo Rebelo de Sousa deixou um "aviso" à ministra da Coesão Territorial sobre a execução dos fundos do Plano de Recuperação e Resiliência, Marques Mendes dsse estar "muito" preocupado com o facto da execução dos programas comunitários "estar bastante atrasada". Descrevendo-se como um "otimista com os pés bem assentes na terra", lembrou: "O PRR [Plano de Recuperação e Resiliência] não vai ter nem um dia de prorrogação do prazo. Temos de ter a capacidade de gastar".

E acrescentou: "Temos uma oportunidade única, daqui ao final da década. Vamos ter fundos
estruturais fruto de três programas. São valores que nunca tivemos: 64 mil milhões de euros. Em média, significa ligeiramente acima de 8 mil milhões de euros por ano",
disse referindo-se ao Portugal 2020, ao Portugal 2030 e ao PRR.

Luís Marques Mendes criticou o ritmo de decisão do Banco de Portugal e do Banco de Fomento, afirmando: "As empresas esperam que esse processo comece a andar um bocadinho mais rápido porque o Banco de Fomento - essa coisa extraordinária que para aí foi criada - toma decisões em junho e neste momento quase ainda estão no papel. Acho que este ritmo de decisão, seja do Banco de Fomento, seja no Banco de Portugal, não é grande sinal para a sociedade".

O antigo líder do PSD alertou que "o próximo ano não vai ser um ano fácil", especialmente porque a "inflação continua descontrolada" e considerou "impossível" que o aumento da inflação em 2023 seja de 4% como prevê o Orçamento do Estado.

Luís Marques Mendes abordou ainda o tema da invasão russa à Ucrânia, considerando que "não vale a pena alimentar esperanças de um desfecho a curto prazo". O Conselheiro de Estado considerou ainda que "esta guerra na Ucrânia é culpa do Ocidente". "Não culpa direta, mas foi o Ocidente que criou em 2008 e 2014 as condições políticas", explicou fazendo referência à invasão na Geórgia e anexação da Crimeia.

No final, deixou um elogio: "Agora, o Ocidente tem estado como deve ser, unido e determinado".

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