Marcelo arrasa Núncio: "Vale zero em termos de autoridade política"
Comentador diz que o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais tinha de saber o que se estava a passar no caso das listas VIP. E observa que para haver tratamento diferenciado a lei teria de o prever.
Marcelo Rebelo de Sousa não poupou este domingo, no habitual comentário no Jornal das 8, na TVI, críticas ao governo por causa do caso das listas VIP. O comentador foi bastante duro com o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Paulo Núncio, que, frisou, "devia saber" aquilo que se estava a passar.
E por não ter ciente do que estava a ser feito pelos seus funcionários", acusou Marcelo, "vale zero em termos de autoridade política". "É impensável que alguém em autogestão tomasse uma decisão daquelas", prosseguiu.
O antigo líder do PSD não pede a cabeça do secretário de Estado, mas responsabiliza-o politicamente pelo caso, tendo antes sublinhado que alguns membros do executivo "não sabem o que têm de saber" ou, em alternativa, que padecem de "amnésia".
Na análise dominical, Marcelo reforçou a tese ao explicar que, mesmo não tendo sido "uma opção política", "parece não haver motivos para confiar na máquina fiscal" em Portugal. "Foi alguém em autogestão" a tomar a decisão de criar um tratamento diferenciado, criticou para depois vincar que "havendo ou não lista [VIP], teria de estar na lei" qualquer regime excecional.
"Cofres cheios", uma expressão que "não saiu bem"
Já sobre a polémica declaração da ministra das Finanças de que Portugal tinha "os cofres cheios", o conselheiro de Estado notou que se tratou de um erro de Maria Luís Albuquerque, que ao tentar demonstrar que a situação portuguesa era diferente daquela que existia há quatro anos acabou por ser infeliz.
"Não lhe saiu bem", disse Marcelo Rebelo de Sousa, que desvalorizou a expressão e não deixou de prognosticar, ainda que sem especificar, outro tipo de voos políticos à titular da pasta das Finanças.
Caso Sócrates
José Sócrates continua em prisão preventiva e, numa análise ao impacto político que a decisão pode ter, Marcelo revelou uma posição "heterodoxa". "Para o PS é bom Sócrates continuar preso. Se ele saísse, tornava-se tema de campanha", sustentou, indicando que António Costa se tornaria secundário na corrida até às legislativas.