Manifesto é "uma verdade incómoda" para o Governo
Ex-primeiro-ministro diz que austeridade fez "explodir a dívida" e assume que teria assinado o documento por concordar com o seu conteúdo. Sobre o chumbo da coadoção fala em "desgraça".
"Em vez de a controlar, a austeridade fez a dívida explodir." A frase pertence a José Sócrates e foi proferida no comentário dominical na RTP, a propósito do manifesto dos 70. Por isso, vincou perceber a "irritação" do Governo quando confrontado com o aparecimento do documento, referindo mesmo que é "uma verdade incómoda" para o Executivo de Pedro Passos Coelho - que atacou por ter criticado "aspetos que não constam do manifesto" como o haircut ou a redução do stock da dívida.
"Teria assinado o manifesto porque estou de acordo", frisou o ex-secretário-geral do PS, assinalando ainda que os objetivos em nome dos quais a receita de austeridade foi aplicada "não foram cumpridos".
Já quanto à reação dos membros do Executivo foi incisivo: "Houve uma tentativa de manipulação do manifesto. E ainda tentaram colar os seus signatários a radicais irrealistas... Mas este manifesto só veio mostrar a fantasia em que vive o Governo."
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Sobre o chumbo parlamentar à coadoção de crianças por casais do mesmo sexo, Sócrates falou num "episódio que foi uma desgraça", salientando também que a manutenção da "discriminação" em função da orientação sexual resultou de algo simples: "Parece-me que muitos deputados trocaram as suas convicções pelas suas carreiras políticas..."