Governador do BdP e deputado do PS desentendem-se

O governador do Banco de Portugal (BdP) dirigiu hoje palavras muito ríspidas ao deputado João Galamba, e ignorou o pedido de desculpas que o parlamentar socialista lhe exigiu.

Carlos Costa estava a ser ouvido nas comissões parlamentares do Orçamento, Finanças e Administração Pública sobre a proposta de lei de recapitalização da banca.

Numa discussão relativa à exposição da banca à dívida soberana portuguesa, o governador do BdP irritou-se com o deputado do PS, acusando-o de "má fé intelectual" num registo pouco habitual em audiências nas comissões parlamentares.

"Se não sabe o que é o 'crowding out', vá aprender!", disse o governador do BdP, num tom alterado, a Galamba.

Após as declarações de Carlos Costa, o presidente da comissão de Orçamento e Finanças, Eduardo Cabrita, notou que na discussão parlamentar "há regras de serenidade que a todos se aplicam e que espero sejam seguidas por todos".

Na sua intervenção seguinte, João Galamba descreveu o comportamento do governador do BdP como "inaceitável", e exigiu um pedido de desculpas: "Penso que o senhor foi deselegante de forma injustificada."

Carlos Costa não fez qualquer pedido de desculpas nem voltou a referir-se ao episódio. No final da audiência, Galamba escusou-se a fazer mais comentários às palavras do governador.

Por sua vez, Carlos Costa recusou-se a prestar qualquer declaração aos jornalistas.

O Instituto de Economia e Gestão (ISEG) publica na sua página de Internet um glossário de termos onde explica que o efeito 'crowding out' diz respeito à "'eliminação' da despesa privada e, em particular, do investimento do sector privado, devido a um aumento da despesa pública, através dum aumento das taxas de juro".

Na prática, esta teoria defende que um país que aumente a despesa pública será obrigado a endividar-se mais e como consequência desse endividamento terá de pagar taxas de juro mais elevadas. Perante essa subida de taxas de juro, o setor privado diminuirá o nível de despesa e de investimento eliminando o impulso dado à economia pelo aumento da despesa pública.

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