Embaixador Franco Nogueira homenageado na Universidade Lusíada

O aniversário dos 30 anos da morte do antigo ministro dos Negócios Estrangeiros foi o pretexto para uma evocação que decorreu no auditório que ostenta o seu nome, nas instalações da universidade na rua da Junqueira, e em que foram oradores Marcello Duarte Matias, Jaime Nogueira Pinto e Pedro Borges de Lemos.

Há uma fotografia no arquivo do DN que mostra Alberto Franco Nogueira numa reunião com o presidente John Kennedy dos Estados Unidos e que mostra bem como foi grande o protagonismo internacional do homem que entre 1961 e 1969 liderou a diplomacia portuguesa, num momento extremamente difícil, pois as três frentes de guerra em África punham o país numa situação quase isolada perante uma ONU favorável à descolonização.

Advogado de formação, nascido em Vila Franca de Xira em 1918, Franco Nogueira já era um diplomata experiente (posições em Tóquio e Londres) quando António de Oliveira Salazar lhe confiou a pasta dos Negócios Estrangeiros, a qual manteve no primeiro ano de Marcello Caetano como presidente do governo. Ganhou, pois, pelo desempenho nessa década como ministro um lugar na história diplomática de Portugal.

Na terça-feira, a Universidade Lusíada assinalou os 30 anos da morte do embaixador Franco Nogueira (ocorrida a 14 de março de 1993) com uma homenagem na qual foram oradores o historiador Jaime Nogueira Pinto, o embaixador Marcello Duarte Mathias e o advogado Pedro Borges de Lemos. Aida Franco Nogueira, filha do homenageado, foi quem fez as honras da casa, ela que tem feito tudo para preservar a memória do pai e também da mãe, a luso-chinesa Vera Wang, falecida em 2018.

Jaime Nogueira Pinto salientou dois traços principais das convicções de Franco Nogueira: o seu Realismo Político aliado ao seu Nacionalismo. O Embaixador Marcello Duarte Mathias, colega de profissão ao longo de muitos anos, fez um retrato do homenageado, sublinhando o patriotismo e a estatura de estadista no combate político nas estâncias internacionais.

Pedro Borges de Lemos salientou que Portugal está a precisar de elevação no debate político, dando o exemplo de como agia Franco Nogueira, ao lidar com os adversários olhos nos olhos e rebatendo os argumentos, como muitas vezes aconteceu na Assembleia Geral das Nações Unidas, onde Portugal na década de 1960 enfrentava a hostilidade de grande número de países, e não só do Bloco Soviético, avessos à ideia de um Estado Pluricontinental nascido dos Descobrimentos dos séculos XV e XVI, como defendia o Estado Novo.

O auditório localizado no edifício-sede da Universidade Lusíada na rua da Junqueira tem o nome de Franco Nogueira, relembrando que o diplomata, depois dos tempos conturbados do imediato pós-25 de Abril, se destacou ali como académico, tendo chegado a dirigir o departamento de História. Os 150 lugares encheram-se para ouvir os palestrantes e também para um debate final alargado.

Franco Nogueira é autor de uma biografia de Salazar e também tem entre as suas obras um livro sobre o Japão recentemente reeditado. Foi, aliás, em Tóquio, onde foi colocado logo após a Segunda Guerra Mundial, que conheceu a mulher, filha de um diplomata chinês colocado em Lisboa nos anos 20 e de uma portuguesa (Vera Wang foi fundadora da Academia de Santa Cecília).

Em 2018, por ocasião do centenário do nascimento do antigo ministro dos Negócios Estrangeiros, Aida Franco Nogueira doou o espólio pessoal do pai ao Arquivo Diplomático do Ministério dos Negócios Estrangeiros.

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