"Devemos fazer um esforço acrescido para o regresso dos nossos jovens", apela Cavaco

Presidente da República diz que é chegada a altura de "ouvir os jovens, em vez de falarmos em seu nome". E volta a alertar para o perigo do afastamento da juventude portuguesa da política.

O Presidente da República considera prioritário que Portugal recupere os jovens que emigraram nos últimos anos e deixou esta sexta-feira, na Fundação Champalimaud, em Lisboa, um apelo para que sejam criadas condições para que o regresso se verifique. "Portugal não pode desperdiçar o imenso capital humano dos seus jovens. (...) Devemos fazer um esforço acrescido para o regresso dos nossos jovens", disse Aníbal Cavaco Silva antes da apresentação do estudo "Emprego, Mobilidade, Política e Lazer: situações e atitudes dos jovens portugueses numa perspetiva comparada".

O Chefe do Estado insistiu num repto que já fizera nas comemorações do 25 de Abril, justificando a posição com a possibilidade de o país perder "duplamente" com o fluxo migratório dos últimos anos. "Por um lado, perde o investimento feito na formação de uma geração de excelência; por outro lado, perde o contributo desses jovens para, com o seu talento e a sua iniciativa, ajudarem Portugal a regressar a uma trajetória sustentável de crescimento económico e de criação de emprego e riqueza", observou Cavaco.

Bem vincada ficou a preocupação do Presidente com o tempo de "incerteza" que os jovens atravessam, em particular no que respeita ao emprego, acrescentando que à "insegurança quanto ao futuro" se alia a decisão sobre onde poderão encontrar trabalho: no país ou além-fronteiras.

Elencando todas as iniciativas dedicadas à juventude que promoveu ao longo dos seus mandatos, Cavaco deixou ainda um recado aos principais atores políticos ao referir que é chegado o tempo de "ouvir os jovens" ao invés de se falar "em seu nome" sem que se conheça de perto a realidade das suas vidas e os problemas concretos com que defrontam.

Mas os remoques não ficaram por aí. O Presidente diz que os jovens exigem "respostas concretas". "Com meras palavras, por mais bonitas que sejam, não se resolvem os problemas dos portugueses", reforçou. E prosseguiu com um trecho popular de Florbela Espanca: "Palavras são como as cantigas: leva-as o vento."

De caminho, recordou os partidos do "estado de afastamento da juventude em relação à vida coletiva do país" - que o estudo da autoria de Marina Costa Lobo, Vítor Sérgio Ferreira e Jussara Rowland, apresentado minutos depois, também denunciou - e apontou o dedo à discussão política que se "concentra em aspetos acessórios ou efémeros".

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