Costa garante: PS "dá a cara", não baixa os braços e quer "lutar e vencer"
Em Leiria, na qualidade de secretário-geral, o PM deixou críticas à oposição e admitiu: podia haver maiores aumentos de pensões em 2023, o futuro é que podia não ser o desejado.
Um Partido Socialista pronto a dar a cara para lutar "e vencer como no passado". Foi assim que António Costa caracterizou o estado de espírito atual do partido, num discurso longo, proferido no final da Academia Socialista, a rentrée do partido.
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Em Leiria - distrito no qual os socialistas ganharam, em janeiro último, pela primeira vez desde 1974 -, o secretário-geral do PS voltou a referir que a governação tem sido marcada pelo "diabo". Primeiro, diz, foi a recuperação das medidas do período da Troika, depois "em 2019, passado pouco mais de dois meses, veio uma pandemia como não se via há 100 anos" e, agora, ninguém imaginaria "uma guerra motivada pela Rússia contra a Ucrânia". Ainda assim, garantiu, o partido não se desvia do rumo e cumpre aquilo a que se propôs: "Temos a responsabilidade de governar com estabilidade e previsibilidade. Cumprimos aquilo que prometemos sem dar um passo maior do que a perna", isto significa "manter as contas certas" e "continuar a aposta no reforço do SNS", ao mesmo tempo que o "emprego cresceu."
"Há uma coisa que sabemos: apesar de cumprirmos escrupulosamente a Lei de Bases da Segurança Social (...) conseguimos alargar em 26 anos a estabilidade da nossa Segurança Social."
Referindo que "nunca foi fácil" governar com condições menos ideais, António Costa considerou que, nos últimos tempos, foram dados ao Executivo "dois sinais de confiança".
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Primeiro, "em duas semanas, duas agências melhoraram o rating do país. É muito importante. Para contas certas, não é preciso austeridade mas sim boa governação. Baixar a dívida não é só um objetivo do Estado, mas sim de todos e é fundamental mantermos esta credibilidade internacional".
E, disse, o segundo sinal de confiança é o número de jovens (50 mil, o segundo maior de sempre) que, este ano, ficaram colocados na primeira fase de acesso ao Ensino Superior. "Neste tempo de incerteza, os jovens dão um sinal de confiança. É mesmo assim, que por via de avançarmos nas qualificações, teremos mais e melhores condições e as empresas terão gente mais qualificada a trabalhar", afirmou.
"Baixar a dívida não é só um objetivo do Estado, mas sim de todos e é fundamental mantermos esta credibilidade internacional."
Com o grande adversário do momento a ser a inflação - para a qual "não há vacina" -, o secretário-geral socialista aproveitou para recuar no tempo, até ao pico da pandemia, para referir que "desde que haja bom senso" a crise que agora se atravessa será ultrapassada. Aproveitando para deixar farpas à oposição - que acusa de ter apresentado medidas "em duas voltas" -, António Costa garantiu: "É melhor seguir o que nós [Governo] fazemos do que seguir a oposição". "Primeiro, apresentam propostas no Pontal, depois através de um projeto na Assembleia da República. Se é menos do que já fizemos? É muitíssimo menos do que aquilo que aprovámos esta semana", acrescentou, referindo-se ao programa Famílias Primeiro, que tem um impacto orçamental estimado de 2,4 mil milhões de euros.
Perante o coro de críticas que todos os partidos à exceção, claro está, do PS, deixaram, o secretário-geral defendeu-se. "A oposição diz o clássico: vem tarde. Disse sempre que apresentaríamos estas medidas em setembro para podermos acompanhar a inflação e perceber se iria continuar a crescer ou se estagnaria em julho. Foi por isso que aguardámos até agora: para saber e ter a certeza que é agora que as devemos adotar", acrescentou.
"A oposição diz o clássico: [o pacote de apoios] vem tarde. Disse sempre que apresentaríamos estas medidas em setembro para podermos acompanhar a inflação (...)."
Admitindo ser impossível suportar maiores aumentos das pensões do que aqueles já previstos, António Costa deixou a garantia de que nunca irá colocar em causa a sustentabilidade da Segurança Social, mesmo que a oposição dê "pancada", reiterando a promessa de que, entre o fim do próximo ano e o início de 2024 haverá um novo aumento de pensões, porque, apesar de ser fácil dar mais já em 2023, o futuro podia não ser o melhor, considerou. "Não saberíamos o que podia acontecer. Há uma coisa que sabemos: Ao longo destes anos, apesar de cumprirmos escrupulosamente a Lei de Bases da Segurança Social, apesar de termos ido além desta lei de bases com os aumentos extraordinários das pensões, apesar de termos aumentado outras prestações sociais, conseguimos alargar em 26 anos a estabilidade da nossa Segurança Social", concluiu.