Costa garante Governo "coeso" e ministra da Agricultura com condições para continuar
Primeiro-ministro admite que não tem gostado destes casos que têm afetado o Governo, mas não quero que os confundam com "o essencial, que são os problemas dos portugueses".
O primeiro-ministro garantiu esta sexta-feira em Braga que "o Governo está coeso". "Nenhuma das demissões teve a ver com coesão. Houve problemas de saúde, outros sentiram que ficaram sem condições políticas...", explicou António Costa.
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Questionado sobre se a ministra da Agricultura tem condições para continuar, o líder do Governo respondeu como um simples "sim".
Sobre se o Presidente da República contribuiu para a instabilidade política ao afirmar que a secretária de Estado demissionária da Agricultura, Carla Alves, estava diminuída do ponto de vista político, António Costa contrapôs que "o primeiro-ministro não comenta as palavras" do chefe de Estado.
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"O Presidente da República é o Presidente da República, é eleito por todo os portugueses e, portanto, exprime aquilo que bem entende", alegou.
António Costa afirmou depois que "a avaliação política do Presidente da República [Marcelo Rebelo de Sousa] é uma matéria".
"O que disse na Assembleia da República -- e posso continuar a repetir - é que a doutora Carla Alves não foi objeto de nenhuma acusação judicial. Foi questionada através do meu gabinete relativamente às suas contas [bancárias] e aquilo que disse é que era titular de uma conta conjunta e tinha declarado tudo o que tinha a declarar às finanças. Ela própria entendeu apresentar a sua demissão. É um caso que está encerrado", sustentou.
Carla Alves apresentou na quinta-feira a sua demissão por entender não dispor de "condições políticas e pessoais" para iniciar funções, um dia após a tomada de posse.
Costa admite, porém, que não tem gostado destes casos que têm afetado o Governo. "Ninguém gosta de problemas na sua organização. Eu não gosto de ter problemas. Mas não confundamos o essencial, que são os problemas dos portugueses", afirmou, apontado baterias à "execução dos fundos comunitários" e aos "projetos do PRR [Programa de Recuperação e Resiliência]".
O Correio da Manhã noticiou, na quinta-feira, que a nova secretária de Estado da Agricultura, que entretanto já se demitiu, tem várias contas bancárias arrestadas, no âmbito de uma investigação que envolve o seu marido e antigo presidente da Câmara de Vinhais, Américo Pereira.
De acordo com jornal, entre 2013 e 2020, o casal declarou rendimentos inferiores aos montantes que tinha no banco, uma discrepância que foi constatada após ter sido levantado o segredo bancário.
O Ministério Público mandou arrestar bens do antigo autarca, num processo que envolve mais de 4,7 milhões de euros.
Em causa estão vários negócios celebrados entre 2006 e 2015, que envolvem também uma sociedade, um empresário e o reitor do antigo seminário deste concelho do distrito de Bragança.
O Ministério da Agricultura e da Alimentação garantiu esta sexta-feira que a ministra Maria do Céu Antunes desconhecia "qualquer envolvimento em processos judiciais" da secretária de Estado da Agricultura Carla Alves.