Correio da Manhã rejeita acusação de "perseguição pessoal" a Sócrates
O diretor do Correio da Manhã, Octávio Ribeiro, disse hoje à Lusa que o jornal que dirige "não faz perseguições pessoais", apenas se limita a "dar notícias", contrariando as acusações do ex-primeiro ministro José Sócrates de perseguição.
"Nós não fazemos perseguições pessoais, limitamo-nos a dar notícias e a notícia que hoje faz manchete no nosso jornal é uma que consideramos muito relevante, senão não teria sido manchete, e limitamo-nos a relatar factos, não há muito mais a dizer", declarou à agência Lusa Octávio Ribeiro.
A edição de hoje do jornal Correio da Manhã, faz manchete com o título "DIAP (Departamento de Investigação e Ação Penal) investiga cartões de Sócrates", numa notícia segundo a qual está em causa um eventual "abuso dos dinheiros públicos" por parte de membros do Governo socialista de José Sócrates, um processo iniciado após queixa da Associação Sindical dos Juízes Portugueses, em 2012
Em reação à agência Lusa, José Sócrates repudiou o teor da notícia, considerando que o artigo "é mais uma peça da patética e doentia campanha de perseguição pessoal" que o Correio da Manhã "há anos desenvolve" contra si, "campanha que já constitui objeto de procedimento judicial" que há muito tempo intentou contra o Correio da Manhã.
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"Acontece que, enquanto fui primeiro-ministro, nunca tive nenhum cartão de crédito do Governo, nunca tive", garantiu hoje José Sócrates à Lusa.
Por seu turno, Octávio Ribeiro adiantou que a manchete "é um dado novo", já que se trata de uma "exigência do DIAP de ter acesso a todas as despesas feitas durante um período do Governo de José Sócrates e isso é muito relevante".
Em relação às constantes acusações por parte do ex-primeiro ministro relativamente ao Correio da Manhã, de perseguição pessoal, Octávio Machado considerou à Lusa que estas são "patéticas e, essas sim, ridículas".
"Limitamo-nos a zelar pela qualidade de democracia, a fazer o nosso trabalho, investigando governantes e ex-governantes. Fazemos isso com José Sócrates e com qualquer outro", garantiu Octávio Ribeiro.
Em março de 2012, o Ministério Público (MP) abriu um inquérito-crime na sequência da denúncia apresentada pela Associação Sindical dos Juízes Portugueses (ASJP) relativa a despesas efetuadas por responsáveis governamentais do anterior executivo socialista.
Na altura, o MP confirmou à Lusa que deu entrada no Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa a denúncia da ASJP, que "foi registada como inquérito-crime".
A agência Lusa enviou hoje um pedido de esclarecimento ao DIAP de Lisboa, para apurar se José Sócrates é diretamente visado na acusação e quais os elementos do seu executivo que estão a ser investigados.
Em finais de janeiro de 2012, o Supremo Tribunal Administrativo (STA) deu razão, em definitivo, à Associação de Juízes, que em outubro de 2010 avançou com um pedido de informações sobre as despesas dos ministérios do Governo liderado por José Sócrates.
A ASJP havia enviado para o MP, para efeitos de investigação, toda a documentação que lhe foi entregue pelos ministérios e secretarias de Estado relativa a despesas do anterior Governo socialista.
Após várias sentenças e recursos, foram proferidos cinco acórdãos, total ou parcialmente favoráveis à ASJP, do Supremo Tribunal Administrativo e do Tribunal Central Administrativo do Sul, que condenaram o executivo a fornecer os referidos documentos.
Em causa estava a utilização de cartões de crédito, despesas com telefones fixos e móveis, o pagamento de despesas de representação e de subsídios de residência por parte de membros do anterior Governo.