"Conselho de Estado não devia discutir o além"
Comentador da RTP disse que reunião de amanhã entre Presidente da República e os conselheiros deveria estar focada "na agenda que preocupa os portugueses"
O ex-primeiro ministro, José Sócrates, classificou a reunião de amanhã do Conselho de Estado como algo "sem nexo". O Presidente da República chamou os conselheiros de Estado para discutir o País depois da 'troika', mas Sócrates, no habitual comentário dominical na RTP, afirmou não perceber a ordem de trabalhos: "O Conselho de Estado não deve discutir o além, mas sim a agenda que preocupa os portugueses", declarou.
Para além do conteúdo da reunião, José Sócrates não deixou de criticar a forma como a mesma foi anunciada. Recorde-se que Marques Mendes, um dos conselheiros de Estado, anunciou há semanas a intenção do Presidente em convocar o órgão de aconselhamento. "Estou indignado com esta espécie de novela mexicana à volta da convocatória. O que só quer dizer que a degradação das nossas instituições atingiu o topo da hierarquia", disse José Sócrates.
E por falar em degradação, o antigo primeiro-ministro responsabilizou diretamente Paulo Portas pelo atual estado do governo, que Sócrates considera estar "ligado à máquina de Belém". "O ministro Paulo Portas tem sido um ilusionista. Diz que a contribuição nas reformas é incompatível consigo, mas a medida está na sétima avaliação. Se não é para aplicar, é para enganar os outros?", questionou.
Subscreva as newsletters Diário de Notícias e receba as informações em primeira mão.
José Sócrates, porém, considerou a convergência dos sistemas de pensões público e privado - já anunciada pelo governo - como uma medida mais gravosa que a chamada "TSU dos pensionistas". E afirmou não perceber como é que Portas está contra a primeira e a favor da segunda quando esta "é socialmente mais injusta e vai trazer mais consequências para a economia".