CDS-PP. Melo tenta "decalcar" estratégias de Monteiro e Portas

Centristas reúnem hoje autarcas do partido em Oliveira do Bairro. Nuno Melo quer os protagonistas do CDS-PP no poder local a "alavancar" campanha europeia do partido.

O verbo "decalcar" é expressamente assumido pelo presidente do CDS-PP quando fala ao DN da estratégia que está a tentar erguer para levar de novo o seu partido à Assembleia da República.

"No CDS tem resultado sempre a estratégia de inverter os ciclos negativos com processos refundadores. É essa estratégia que vamos decalcar", afirma Nuno Melo, recordando que isso aconteceu, por exemplo, quando Manuel Monteiro sucedeu a Adriano Moreira na liderança (passando o partido de europeísta a eurocético e lançando a ideia de um referendo ao Tratado de Maastricht).

Do que se trata, portanto, segundo o presidente dos centristas, é de ensaiar de novo esse "processo refundador", com uma revisão global do programa do partido e a assunção de novas causas - "e fazê-lo sem preconceitos nem tabus, se necessário até mudando a sigla", como de resto Monteiro fez quando transformou o CDS em PP (Partido Popular).

Convidados por Nuno Melo, os juristas António Lobo Xavier (antigo líder parlamentar centrista) e Miguel Morais Leitão assumiram a coordenação do processo de revisão doutrinal, dirigindo um Gabinete de Apoio Estratégico e Programático do Partido.

"Os nossos autarcas podem ser uma alavanca para um bom resultado nas Europeias e para conseguirmos regressar à Assembleia da República."

O novo programa deverá ser aprovado algures no segundo semestre deste ano, num congresso nacional do CDS exclusivamente dedicado ao tema. Para o primeiro semestre de 2024 está prevista outra reunião máxima dos centristas, desta vez eletiva - e na qual será consagrada a escolha do cabeça de lista às Eleições Europeias. O CDS tem um único eurodeputado eleito, o próprio Nuno Melo, e o objetivo é, no mínimo, manter esse score, passo decisivo para avaliar da capacidade que o partido terá (ou não) para em 2026 voltar a ter representação na Assembleia da República.

Este sábado, em Oliveira do Hospital, Nuno Melo vai reunir em convenção os "ativos" do CDS que melhor permitem ao partido pensar que ainda é uma força viva na política nacional: os seus autarcas.

Ao todo, o partido tem quase 1500 autarcas eleitos, entre os quais seis presidentes de câmara. Isto faz do CDS, no campo do poder local, a quarta maior força partidária em Portugal, atrás do PS, do PSD e da CDU, e à frente do Chega, da Iniciativa Liberal e do Bloco de Esquerda.

A iniciativa terá uma componente de formação política e outra de afirmação política. Nuno Melo é claro: "Os nossos autarcas podem ser uma alavanca para um bom resultado nas Europeias e para conseguirmos regressar à Assembleia da República."

joao.p.henriques@dn.pt

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