"As contas do memorando estavam mal feitas e não fui eu que as fiz"

Primeiro-ministro disse, em entrevista à SIC, que se não tivesse ido "além" do memorando "estaríamos hoje como está a Grécia e a troika ainda estava cá".

Pedro Passos Coelho explicou na entrevista que foi forçado a ir "além" do memorando porque "as contas estavam mal feitas". E acrescentou: "E não fui eu que as fiz". O primeiro-ministro acredita que se as medidas não tivessem sido"estaríamos hoje como está a Grécia e troika ainda estava cá".

O primeiro-ministro não se importa de ser o "rosto" da austeridade, uma vez que acredita também ser o "rosto" da recuperação, acreditando que os partidos da maioria governamental têm ganho força junto do eleitorado. "Há um ano ninguém diria que PSD e CDS podiam ganhar as eleições", atirou o primeiro-ministro, lembrando que após as Europeias ("onde o PS considerou não ter tido os melhores resultados e por isso mudou o seu líder") havia "80% de pessoas que achavam que o PSD não ia ganhar as eleições legislativas".

O "previsível" e os aventureiros

O primeiro-ministro focou o futuro e a próxima legislatura na questão da "estabilidade" e da "previsibilidade", assumindo-se como "previsível" e "coerente". Quanto ao programa de PSD e CDS, Passos Coelho disse que, apesar de constar do Programa de Estabilidade apresentado a Bruxelas, "não terá que haver,necessariamente, um corte de 600 milhões de euros nas pensões", acrescentando que dependerá do que for discutido com o PS. O primeiro-ministro mostra-se, no entanto, preocupado com a sustentabilidade da Segurança Social.

Ainda na temática da Segurança Social, Passos Coelho atacou o programa eleitoral do PS no que à TSU diz respeito, dizendo que "reduzir as contribuições para a segurança social para que as pessoas gastem mais dinheiro agora e recebam menos dinheiro de reforma no futuro, como quer o PS, é uma solução arriscada".

Para o primeiro-ministro a estratégia económica do PS, "assente no consumo interno", é um regresso ao passado, às políticas que "levaram à dependência externa". Passos Coelho diz que o país "não pode repetir os erros do passado" nem "voltar a ter a troika, como aconteceu três vezes nos últimos 40 anos".

Quanto ao emprego, Passos Coelho diz que "há menos empregados em tempo parcial e mais em tempo completo", defendendo que "a precaridade diminuiu, ao contrário do que muitas vezes se apregoa".

Passos acredita que o crédito fiscal vai ser uma realidade, apesar de depender do suvesso receitas fiscais. "Nós somos prudentes, por isso este ano ainda há sobretaxa", acrescente o primeiro-ministro.

Grécia: "Programa não está de fechado"

O primeiro-ministro destaca que "o programa ainda não está fechado, há um acordo de princípio". Passos Coelho espera que Tsipras "se bata para que o acordo seja aprovado".

Passos Coelho lembrou que "a Grécia teve condições que nenhum outro país europeu teve" para cumprir as metas, lembrando que o país helénico "não paga juros durante 10 anos dos empréstimos europeus".

O primeiro-ministro garante que "houve sempre unanimidade no Eurogrupo" quanto à situação grega, mas admitiu que o Eurogrupo tinha preparado um cenário de saída que "podia ser do interesse da Grécia". Passos diz que no Eurogrupo todos contribuíram para um acordo e que, por isso, "é importante não criar ficções".

Presidenciais e maioria

Passos Coelho diz que o país precisa de estabilidade e que, por isso, os partidos que concorrem para ganhar devem bater-se por ter "maioria absoluta". Recusou-se a dizer se se demitia caso perdesse as eleições, aludindo à questão da estabilidade.

Quanto a Presidenciais nem uma palavra, ignorando a referência da jornalista a um encontro entre Marco António Costa e Rui Rio durante o debate do Estado da Nação na São Caetano à Lapa a 8 de julho.

Mais Notícias

Outros Conteúdos GMG