Política
28 janeiro 2022 às 07h40

Ventura critica PSD mas acaba a dedicar "Anel de Rubi" a Rui Rio

Num jantar-comício em Vila Viçosa, no distrito de Évora, Ventura afirmou que "mesmo sabendo" que o PSD "é uma espécie de Partido Socialista II", dá-lhes a "hipótese" de formar Governo "para mandar [o primeiro-ministro] António Costa para casa, já no domingo à noite".

DN/Lusa

O presidente do Chega voltou a criticar na quinta-feira o PSD e o seu líder, mas acabou o discurso no Alentejo a cantar "Anel de Rubi", de Rui Veloso, piscando o olho a Rui Rio e a um possível acordo.

Num jantar-comício em Vila Viçosa, no distrito de Évora, André Ventura criticou primeiro o PSD e Rui Rio para depois dedicar a música "A Paixão (Segundo Nicolau da Viola)", de Carlos Tê e Rui Veloso, popularmente conhecida por "Anel de Rubi", ao líder social-democrata, numa resposta à ideia de "ninguém querer dançar com o Chega".

Desafinado, André Ventura cantou a música, dando enfoque especial aos versos que adaptou do refrão: "Esta é para ti Rui Rio".

"Mesmo sabendo que não gostavas/ Empenhei o meu anel de rubi/ Para te levar ao concerto que havia no Chega aqui", cantou o líder do partido.

Já depois de interpretar a música, André Ventura afirmou que "mesmo sabendo" que o PSD "é uma espécie de Partido Socialista II", o presidente do Chega dá-lhes a "hipótese" de formar Governo "para mandar [o primeiro-ministro] António Costa para casa, já no domingo à noite".

Apesar desse apelo em jeito de canção, André Ventura tinha sido bastante crítico dos sociais-democratas no restante discurso em Vila Viçosa.

"PS e PSD - estas são as duas opções que temos. Não queremos nenhuma delas para governar Portugal", frisou Ventura, tendo também dito que "Rui Rio e António Costa são duas faces da mesma moeda".

Segundo o presidente do partido, PS e PSD estão, "de manhã à noite, a falar do Chega".

"Esqueceram-se deles próprios e só pensam nisto", notou, considerando que estes dois líderes partidários pensam que é possível captar o eleitorado do Chega, ignorando que esse mesmo eleitorado "vota no Chega porque está revoltado" e "frustrado".

Depois das críticas, veio então a canção de Rui Veloso, com André Ventura a referir que os seus assessores costumam dizer-lhe para não cantar, devido ao "risco de descer nas sondagens".

"Esta coisa do Governo de direita e do Chega, aquela coisa de ninguém querer dançar com o Chega, mas quererem os votos do Chega... conseguem pôr a música do Rui Veloso?", perguntou André Ventura a Jay C, músico que normalmente anima os jantares-comícios do partido de extrema-direita.

Seguiu-se pouco mais de um minuto de música, em jeito de pedido final de André Ventura a Rui Rio, à procura de um entendimento entre os dois partidos, caso a direita saia vencedora nas legislativas de domingo.

Durante o discurso, Ventura fez ainda uma referência ao interior, mostrando-se contra propostas que queiram destruir "a agricultura, a caça, a pesca" e "as tradições", considerando que alguns partidos ignoraram nos últimos anos distritos como Beja, Évora e Portalegre.

"Para nós, Portugal existe desde o norte ao sul, às regiões autónomas. Para nós, não há portugueses de primeira nem de segunda", referiu, criticando que muitas áreas do país têm ficado esquecidas pelo atual Governo liderado pelo PS.