Política
19 janeiro 2022 às 18h15

Rui Rio não vai ao debate das rádios. Prefere fazer campanha normal

O líder social-democrata reiterou que as "pessoas deveriam votar seguramente", considerando que isso é "unanimidade nacional".

DN/Lusa

O presidente do PSD, Rui Rio, justificou esta quarta-feira que opta por ir a todos os distritos de Portugal nesta campanha, em vez de participar presencialmente no debate das rádios na quinta-feira, dia que estará em Bragança e Vila Real.

"Amanhã estou em Bragança e Vila Real. Faço o esforço que é minha obrigação por passar por todos os distritos do país e mesmo assim já não tenho tempo de ir às duas regiões autónomas e mesmo assim faço dois distritos num dia, um de manhã e outro à tarde", afirmou o líder social-democrata, durante uma ação de campanha esta tarde em Viseu.

E continuou: "se eu fosse amanhã a Lisboa fazer o meu décimo debate eu não iria a Bragança nem a Vila Real e sinceramente acho que é mais importante estar em Bragança, Vila Real ou outro distrito qualquer do que eu pura e simplesmente não ir a esses dois distritos para fazer mais um debate quando já fiz nove debates, este seria o décimo debate".

Ainda assim, disse estar na disponibilidade de participar no debate a partir do local onde irá estar na quinta-feira ou de o PSD ser substituído por outro dirigente do PSD.

"Não aceitando nem uma possibilidade nem outra, sinceramente, entre optar pelo décimo debate ou optar por estar em Bragança e Vila Real e ir a todos os distritos de Portugal eu opto por isto e, agora, as pessoas avaliam e dizem bem ou mal daquilo que é a minha decisão", salientou.

O último debate entre os líderes dos partidos com assento parlamentar decorre quinta-feira de manhã numa emissão conjunta da TSF, Antena 1 e Rádio Renascença, a partir de Lisboa.

O presidente do PSD, Rui Rio, considerou entretanto que é "curta" a solução anunciada pelo Governo para o voto dos eleitores em isolamento, com uma hora recomendada, e defendeu a colocação de mesas próprias para os que estão infetados.

"Primeiro entendo que é curto, esse espaço de tempo é muito curto, entre as seis e as sete, é muito pouco tempo. Depois acho que devia haver mais mesas, porque se houver mais mesas há mais dispersão das pessoas", afirmou o líder do PSD à chegada a uma ação de campanha em Viseu.

Depois, acrescentou, gostaria que o Governo "explicasse, porque pode ter explicação para isso, porque é que "não vai haver mesas específicas e próprios apenas para aqueles que estão confinados e, particularmente, aqueles que estão infetados".

"Isso era a solução que eu procuraria. Pode haver razões de ordem logística que não o permitem, eu não estou no Governo, não sei. Mas sinceramente aquilo que era aconselhável, primeiro era que as pessoas tivessem mais tempo e tivessem mesas próprias ", frisou.

Os eleitores que se encontrem em isolamento devido à covid-19 podem sair de casa para votar no dia 30 de janeiro, anunciou a ministra da Administração Interna, adiantando que o Governo recomendará uma hora específica.

"O período mais adequado será, provavelmente, a última hora, entre as seis (da tarde) e as sete", declarou Van Dunem.

A decisão do Governo surge após ter chegado ao Ministério da Administração Interna o parecer do conselho consultivo da Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre o voto dos eleitores em isolamento devido à covid-19 nas eleições legislativas de dia 30.

Rui Rio acrescentou ainda que, as mesas próprias "permitiam, não só, que não tivessem contacto com outras pessoas como permitiam que os próprios membros da mesa se pudessem organizar de forma a estar muito distantes daqueles que vão chegar para votar".

O líder social-democrata reiterou que as "pessoas deveriam votar seguramente", considerando que isso é "unanimidade nacional".

"As pessoas têm de votar, agora têm de votar em segurança para os outros e para si próprios (...) não sei qual é a razão pela qual não se faz isto. Poderá a razão ser porque se deixou para tarde e a más horas e já não há tempo, não sei se é essa a razão, mas isso é que seria aconselhável", frisou.

Na sua opinião, a solução anunciada pelo Governo é "um remedeio" e que "pior do que isto era as pessoas não poderem votar", em qualquer circunstância, mesmo que fossem poucos, que fará agora que são muitos", agora, a "organização é deficiente, sinceramente é deficiente".

"Acho que essa separação era muito importante, repito, para todos e, em particular até para quem está nas mesas", frisou.

Salientou ainda que espera que este processo não leve a uma maior abstenção porque tem visto "as pessoas a fazer a sua vida na rua de uma forma razoavelmente normal e não vê "razões para não o fazerem no momento do voto", agora, podia era ser feito com mais segurança", sublinhou.

O presidente do PSD estranhou esta quarta-feira que António Costa confie mais no atual Presidente da República do que em anteriores para previr eventuais riscos de maiorias absolutas, reiterando que este cenário será "muito difícil" nas eleições de 30 de janeiro.

Antes de começar uma arruada em Viseu, em que a caravana do PSD acabou por não se cruzar com a do Chega apesar da proximidade de horários e locais, Rui Rio foi questionado se "os tempos das maiorias absolutas já passaram".

O presidente do PSD voltou a admitir que esses tempos estão mais difíceis, devido à fragmentação do sistema partidário, e aproveitou para lançar uma farpa ao secretário-geral do PS, que tem defendido os benefícios da maioria absoluta do seu partido e até já disse que Marcelo Rebelo de Sousa seria uma garantia contra quaisquer abusos.

"Acho uma coisa curiosa que António Costa diga que podem confiar a maioria absoluta ao PS porque temos o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa. Tem mais confiança no presidente Marcelo do que em Mário Soares, Jorge Sampaio ou Cavaco Silva?", questionou.

Para Rio, "não é uma questão de Presidente da República, mas de os portugueses quererem ou não dar uma maioria absoluta".

"Aí estamos em igualdade de circunstâncias, ele quer e eu também, mas é muito difícil para seja quem for", afirmou.

Antes da arruada, o presidente do PSD foi ainda questionado se iria tentar evitar cruzar-se com o presidente do Chega, André Ventura, e remeteu essa tarefa para organização, admitindo que, se não lhe faria qualquer diferença, é desejável que as caravanas partidárias "não se cruzem".

Os dois partidos não se cruzaram - a organização ia fazendo sinaléticas com os sentidos para onde deveria avançar a caravana social-democrata - e Rio não pôde responder em pessoa a Ventura, que já disse não excluir ser vice-primeiro-ministro de um Governo do PSD em caso de votação expressiva.

"Tenho de concordar com André Ventura, porque eu fui o primeiro a pedir que fizéssemos uma campanha bem-disposta e com humor. É evidente que é uma piada", considerou.

Durante a arruada, Rui Rio esteve sempre ladeado pelo presidente da Câmara Municipal de Viseu, Fernando Ruas, e pelo cabeça de lista e deputado Hugo Carvalho, tendo também sido acompanhado pelo líder da distrital Pedro Alves e pelos dirigentes David Justino e Joaquim Sarmento.

Na arruada participada em Viseu, Rio foi visitando o comércio local e, como faz muitas vezes, entrou numa loja de jogos sociais, mas aqui era o PSD que tinha uma raspadinha original, intitulada "Veja o que lhe saiu em 2021".

Raspando as zonas cinzentas ora saía António Costa, com a legenda "Piores serviços públicos", ora o ministro das Infraestruturas e potencial candidato à liderança do PS Pedro Nuno Santos, lendo-se ao lado da sua fotografia "IP3 e Ferrovia pendurados".

Em alternativa, a raspadinha do PSD - um material de propaganda da campanha de Viseu - sugere "Mude de sorte" e nessa zona aparece a fotografia de Rui Rio, com a legenda "Vontade para melhorar a vida dos portugueses".

O proprietário da tabacaria ainda tentou convencer o presidente do PSD a jogar na lotaria, mas sem sucesso.

"Eu só jogo no totoloto e pela Internet. Se me sair um prémio eu tenho de ter um registo, senão ainda começam a contar histórias", justificou.

Nas arruadas de hoje, na Guarda e em Viseu, a comitiva do PSD 'estreou' novas máscaras FFP2 de cor de laranja forte com o símbolo do PSD.

"Estas são as primeiras, ainda vêm aí mais com um design diferente, mais moderno", prometeu Rio.

Hoje à tarde, por várias vezes ia sendo distribuído álcool gel pelos principais protagonistas da caravana, depois de cumprimentarem os populares.

Fernando Ruas foi muito saudado ao longo do percurso, de menos de uma hora, animado por um grupo de três acordeões e um tambor.

Hugo Carvalho, o jovem cabeça de lista do partido em Viseu, ia indicando as lojas onde o presidente do PSD deveria entrar, mas nem todos os viseenses ainda o reconheciam.

"É o filho do dr. Rui Rio?", perguntava uma das apoiantes.