Política
19 janeiro 2022 às 23h28

Rio e Ventura ausentes no último debate dos partidos parlamentares

Com a moderação de três mulheres, realizou-se esta quinta-feira de manhã o debate entre os representantes dos partidos parlamentares. Rio e Ventura faltaram. João Oliveira voltou a substituir Jerónimo de Sousa

Esta quinta-feira, logo pelas 9h00 da manhã, num estúdio na sede da RTP em Lisboa, os líderes dos partidos parlamentares voltaram a encontrar-se, para o segundo e último debate nesta campanha de todos contra todos - o chamado "debate das rádios", promovido em conjunto pela TSF, Rádio Renascença e Antena 1.

E foram mesmo todos contra todos? Não. Por estarem em campanha fora de Lisboa, ambos a Norte, Rui Rio (PSD) e André Ventura (Chega) não participaram. Ventura ainda propôs fazer-se presente por vídeo conferência ou enviar outro dirigente do partido. A organização recusou intervenções à distância e, quanto a substitutos, aceitou apenas que João Oliveira voltasse a fazer esse papel em nome de Jerónimo de Sousa, agora em casa a restabelecer-se da cirurgia cardíaca a que foi sujeito na quinta-feira da semana passada, no Hospital Egas Moniz, em Lisboa.

Assim, no debate, que teve transmissão em direto naquelas três rádios e ainda na RTP3, SIC Notícias e CNN Portugal, o líder do PS, António Costa, não se confrontou com o seu principal adversário na candidatura a primeiro-ministro. Ontem, em campanha em Viseu, Rui Rio explicou porque estaria ausente: "Se eu fosse amanhã a Lisboa fazer o meu décimo debate eu não iria a Bragança nem a Vila Real e sinceramente acho que é mais importante estar em Bragança, Vila Real ou outro distrito qualquer do que eu pura e simplesmente não ir a esses dois distritos para fazer mais um debate quando já fiz nove debates, este seria o décimo debate."

O debate - com a moderação de três mulheres, Judith Menezes e Sousa (TSF), Susana Martins (Rádio Renascença) e Natália Carvalho (Antena 1) - serviu a João Oliveira para se apresentar como sendo agora o único front man da campanha da CDU, dada as ausências de Jerónimo de Sousa e de João Ferreira (com covid).

Oliveira teve assim de deixar um pouco de lado a campanha no círculo pelo qual volta a ser cabeça de lista, Évora. Obteve, em compensação, projeção nacional acrescida, o que lhe poderá servir para conseguir a reeleição.

Na verdade, essa reeleição é para o líder parlamentar do PCP tudo menos assegurada. Há dois anos, só a conseguiu por escassos mil votos. O PS obteve dois eleitos com 28 371 votos; e a CDU um, com 13 980. Contudo, o PSD, que ficou fora dos eleitos por Évora, obteve apenas menos cerca de mil votos do que a CDU (12 937).

Ora nas últimas autárquicas, a CDU revelou-se em perda no distrito. Tinha cinco presidências de câmara e passou para três. Já o PSD cresceu. Em 2017 não conquistou nenhuma presidência de câmara no distrito e em 2019 passou para quatro. Os dados das autárquicas, eventualmente revelando tendências que se podem agora transplantar para as legislativas, colocam a eleição de João Oliveira em risco. E, com isso, evidentemente, a possibilidade de ser ele um dia o escolhido para suceder a Jerónimo de Sousa na liderança do PCP.

Esta quarta-feira Oliveira esteve em Castanheira do Ribatejo (Vila Franca de Xira) e aproveitou para voltar a alertar para os perigos de uma maioria absoluta PS. "Gato escaldado de água fria tem medo. Os portugueses só de ouvirem falar em maioria absoluta já ficam com medo do que é que isso pode significar."

joao.p.henriques@dn.pt