Política
28 julho 2021 às 21h57

Pinto Luz ataca Rio. "Não há défice de oposição porque não há nenhuma"

O vice-presidente da Câmara de Cascais critica o líder do seu partido pela "ausência total de oposição ao governo". "Entristece-me enquanto social-democrata."

Susete Henriques

Sem rodeios, o social-democrata Miguel Pinto Luz deixa duras criticas ao líder do seu partido pelas declarações que fez ontem à saída da reunião com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. Rio disse que "não há défice de oposição ao governo" e o vice-presidente da Câmara Municipal de Cascais ironiza, concordando "absolutamente". "Sim, não há défice, não há nenhuma oposição ao Governo", afirma ao DN. Considera que se não há défice de oposição "é porque não há nenhuma". "É a ausência total de oposição. Isso entristece-me enquanto social-democrata", lamenta.

Miguel Pinto Luz fala num governo que está num processo de depreciação "na sua confiança junto dos portugueses", em que "escândalo após escândalo, sem justificação, não tem contraditório". Nesse sentido, diz: "Exigia-se uma oposição clara, saber quem são os nossos adversários e o nosso adversário é o PS, que, neste momento, está a empobrecer o país".

Antes, nas redes sociais, o social-democrata que concorreu contra o atual líder em 2020, tinha-se insurgido por Rui Rio ter considerado um "pormenor" a acusação de "fraude política" feita à resolução do BES, levada a cabo pelo governo de Passos Coelho, e que consta do relatório final da comissão de inquérito ao Novo Banco, aprovado com o voto do PSD.

"Dr. Rio houve tanta fraude política nos governos PS!! O PSD votar a favor de um relatório que acusa a gestão do governo de PSD de fraude política e depois considerar um pormenor, será um pouco esquizofrénico, não? Saber quem é o adversário e fazer oposição é que não são pormenores!", escreveu Pinto Luz na sua página de Facebook.

Ao DN disse ser "completamente inaceitável que o PSD considere um pormenor um ataque gravíssimo a um seu governo" e que o partido "aprove um relatório que deixa preto no branco essa mesma ofensa". "Ainda por cima uma ofensa injusta, inqualificável a um governo" liderado por um primeiro-ministro do PSD.

Rio diz que "não há fraude política nenhuma", que "há uma resolução que teve problemas num problema complexo como aquele". ​​​​​Justificou o voto final global favorável do partido porque, tirando este aspeto, "o relatório está bem feito e evidencia as responsabilidades" quer do Governo, quer do Novo Banco, quer do Banco de Portugal.

O líder social-democrata justificou ainda que "se o PSD votasse contra, porque tem um pormenor com que não concorda, não havia relatório nenhum e nunca havia relatório de comissão de inquérito nenhuma", justificou.

"É precisamente aí que eu o ataco", sublinha Pinto Luz, que recusa a ideia de um pormenor. "Trata-se de um ataque do partido comunista a um Governo liderado pelo PSD", disse para depois referir-se a Passos Coelho como tendo sido um primeiro-ministro que "liderou o país num momento muito difícil". O atual presidente do PSD devia "defender esse legado", considerou.

Atualizado às 00:10