Disse há pouco que os agentes culturais pediram mais tempo para analisar esta proposta. Eles preveem, como sabe e ao contrário do que diz o governo, um aumento da precariedade e até pouca adesão a este novo estatuto. Admite que este diploma possa não fazer o caminho que está a antecipar?
Nós discutimos ao longo de muitas décadas em Portugal a ausência de um estatuto, ele agora ainda não está aprovado e já estamos a discutir de vai ou não ter aplicabilidade. Nós tudo faremos, como tenho dito, para que o estatuto seja uma realidade, por uma razão: nós sabemos algo fundamental que é, durante a vida ativa, existem demasiadas situações de proteção social, porque hoje em dia o trabalhador independente não tem direito a nenhum apoio social e nós estamos a criar aqui um mecanismo que não existe para mais nenhum setor que é o mecanismo de suspensão de atividade. Isto porque é muito importante que durante a sua vida ativa eles tenham a segurança de saber que, se tiverem determinado período sem atividade, não ficam sem rede social. É importante realçar que estamos a criar neste estatuto um subsídio especial para pessoas com 55 anos ou mais que é um período de suspensão de atividade prolongado, que pode ir até um ano. Precisamente porque também sabemos que muitas das carreiras contributivas de muitos destes profissionais são demasiado curtas e é importante termos mecanismos que a partir de determinada idade, como é o caso, possam ter um subsídio especial. Nós estamos a criar soluções para dar respostas àquilo que durante décadas foi solicitado. O que posso dizer do lado do governo é que tudo fizemos e vamos continuar a fazer para que o estatuto seja aprovado, seja uma realidade, se aplique ao setor e vamos fazer o acompanhamento muito próximo da implementação - por isso é que vai ser criada uma comissão de acompanhamento - porque há algo que é claro. O objetivo do governo é que aquilo que durante a pandemia ficou tão evidente, no futuro não se volte a verificar. Existem diferentes mecanismos que visam combater a precariedade, diminuí-la e trazer para dentro do sistema aqueles que não estão dentro do sistema. Temos de dar uma resposta às pessoas porque isto não é uma questão política de cultura, mas de política de Estado. O que nós queremos para que o tecido cultural tenha mais e melhores condições para poder criar, programar, enfim tudo o que fazem tão bem em Portugal.