A diferença está num detalhe. O governo não pediu a demissão nem foi demitido, o que aconteceu pela primeira vez em 47 anos: o parlamento fica dissolvido sem haver governo demitido, facto diferente das anteriores sete dissoluções seja pela demissão dos primeiros-ministros ou pela aprovação de uma moção de censura. "O governo continua em plenitude de funções, uma situação bizarra, preocupante e perigosa, dado que o parlamento e a sua atuação ficam entregues a uma Comissão Permanente da Assembleia da República [composta pelo presidente, pelos vice-presidentes e por deputados indicados por todos os partidos, de acordo com a respetiva representatividade parlamentar] com poderes de fiscalização reduzidos. Há um desequilíbrio democrático", afirma Jorge Bacelar Gouveia, professor catedrático e constitucionalista.