Política
14 junho 2021 às 10h30

"Ninguém me vai pedir explicações sobre processos administrativos"

Primeiro-ministro diz estar convicto que "ninguém tem dúvidas sobre qual é o papel de Portugal relativamente à Rússia".

João Francisco Guerreiro, em Bruxelas

António Costa comentou esta segunda-feira, pela primeira vez, a polémica da cedência de nomes de ativistas anti-Putin, pela câmara de Lisboa, à embaixada da Rússia. O primeiro-ministro acredita que a posição de Portugal em relação à Rússia não levanta "dúvidas".

No momento mais baixo das relações com a Rússia desde a guerra fria, António Costa acredita que não lhe serão pedidas explicações, na cimeira da Nato, sobre "processos administrativos", referindo-se o episódio da câmara de Lisboa.

"Ninguém vai pedir, seguramente, explicações sobre processos administrativos", afirmou António Costa, convicto de que "ninguém tem dúvidas sobre qual é o papel de Portugal relativamente à Rússia".

António Costa foi questionado à entrada para a Cimeira da NATO sobre se está preparado para dar explicações aos aliados sobre o que se passou na Câmara Municipal de Lisboa, que forneceu informações sensíveis a Moscovo.

"Já ninguém teve dúvidas, durante o PREC, qual foi a posição que Portugal e a maioria dos portugueses tomaram quando em plena guerra fria que estava em causa saber de que lado nos colocaríamos", afirmou, acreditando que "essa é uma dúvida que felizmente não não existe".

A 31.ª cimeira da Aliança Atlântica é focada na normalização da relação com o aliado norte-americano, na primeira vez que o chefe da nova administração, Joe Biden, participa num encontro da organização, e tem um foco particular a leste, nas "ações agressivas" da Rússia.

"Há um reconhecimento recente, no último par de anos, de que temos novos desafios, e nós temos dado conta que a Rússia não está a agir de uma forma que seja consistente com o que esperávamos", lamentou o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, no encontro que manteve com o secretário-geral da Nato, Jens Stoltenberg.

A falar da Rússia, Stoltenberg referiu-se a "um padrão de comportamento, com ações agressivas contra os vizinhos, Ucrânia, Geórgia, mas também ataques cibernéticos, ataques híbridos, e envenenamento, inclusive contra os aliados".

O norueguês, que deixa o cargo em setembro do próximo ano, considerou que a ação de Moscovo "é algo que levou à deterioração das relações entre a OTAN e a Rússia".

"A nossa relação com a Rússia está no seu ponto mais baixo desde a guerra fria, devido às ações agressivas da parte da Rússia", afirmou Stoltenberg, manifestando-se "confiante de que os líderes da NATO confirmarão a nossa dupla abordagem à Rússia: defesa forte, combinada com diálogo".