Política
27 setembro 2021 às 10h33

Autárquicas 2021. Uma análise distrito a distrito

Ao todo os socialistas perderam 12 presidências de câmara. Já no PSD, o saldo líquido são 16 presidências mais do que as obtidas em 2017. Saiba onde. O DN analisa as eleições autárquicas distrito a distrito.

João Pedro Henriques

Embora com perdas - a mais relevante das quais Lisboa - o PS manteve-se como o partido com mais presidências de câmaras: passou de 160 para 148. São menos 12 concelhos do que há quatro anos, significando isso também que os socialistas perderam a maioria absoluta na ANMP.

Já o PSD cresceu. Passou de 98 presidências (19 das quais em coligação) para 114 (42 em coligação). O resultado supera o de 2013 (106 presidências), algo que era um objetivo que permitiria a Rui Rio manter-se na liderança do PSD.

Na CDU, nova derrocada: a coligação liderada pelo PCP volta a perder presidências, como já tinha perdido há quatro anos. Agora fica com 19, sendo que em 2017 tinha tido 24 e, em 2013, 34.

Ainda quanto a presidências de câmara, o CDS-PP fica na mesma: tinha seis, continua com seis.

Já as listas independentes crescem ligeiramente, de 17 para 19 presidências. Uma das novas é a do regressado Pedro Santana Lopes, de volta à Figueira da Foz e provando, mais uma vez, que é precipitado dá-lo como politicamente morto.

Aveiro

Em 19 câmaras, seis mudam de mãos: Águeda (de independentes para o PSD), Castelo de Paiva (PS para PSD), Espinho (PSD para PS), Ílhavo (PSD para independentes), Mealhada (PS para independentes) e Sever do Vouga (PS para PSD). Ou seja: o PSD passou de oito para nove presidências; o PS encolheu de seis para quatro; as câmaras independentes são agora três (Anadia, Ílhavo e Mealhada), quando em 2013 eram duas (Anadia e Águeda). O CDS-PP manteve as suas três câmaras: Albergaria-a-Velha, Oliveira do Bairro e Vale de Cambra.

Beja

No cômputo geral, nada muda: PS e CDU mantém o mesmo número de presidências de câmara: 10 e 4, respetivamente. As duas únicas mudanças deram-se em Barrancos (onde a CDU reconquistou a câmara ao PS) e no Alvito (onde a CDU perdeu para o PS). Tudo o resto ficou na mesma.

Braga

Poucas mudanças neste distrito com 14 concelhos. O PSD mantém o mesmo número de presidências (9). Conquistou Barcelos ao PS - uma vitória importante - mas, em contrapartida, perdeu para os socialistas a Póvoa de Lanhoso. O PS passou de quatro para cinco presidências pela conquista de Vizela, que era a única câmara independente do distrito.

Bragança

Eis um distrito onde as presidências se distribuem apenas entre o PS e o PSD - e onde maioria se inverte, conquistando-a agora os sociais-democratas aos socialistas. O PS detinha sete presidências de câmara e e passa a ter cinco; no PSD é a situação inversa: sobe de cinco para sete. Os socialistas perderam Miranda do Douro, Mogadouro e Vila Flor (para o PSD), conquistando apenas Freixo de Espada à Cinta. O resto ficou na mesma: Alfândega da Fé, Macedo de Cavaleiros, Mirandela e Vinhais continuam PS; Bragança, Carrazeda de Ansiães, Torres de Moncorvo e Vimioso continuam PSD.

Castelo Branco

Um distrito onde quase nada muda. A exceção foi na Sertã, câmara que passou do PSD para o PS. De resto, tudo na mesma: PS com oito câmaras: Belmonte, Castelo Branco, Covilhã, Idanha-a-Nova, Penamacor, Proença-a-Nova e Vila Velha de Ródão. E PSD agora com três (tinha quatro): Fundão, Oleiros e Vila de Rei. Nenhuma outra força tem presidentes de câmara.

Coimbra

Em 17 câmaras, registaram-se cinco mudanças, com o PS a ser o partido a registar mais perdas. Os socialistas perderam quatro câmaras: três para o PSD (Coimbra, Penacova e Góis) e uma, a Figueira da Foz, para o independente Pedro Santana Lopes. No cômputo geral do distrito, o PS detinha 12 presidências e passaram para nove (Condeixa, Lousã, Miranda do Corvo, Montemor-o-Velho, Oliveira do Hospital, Soure, Tábua e V.N. de Poiares e por fim Penela, esta última conquistada ao PSD). Já o PSD passou de cinco para sete: manteve Arganil, Cantanhede, Mira e a Pampilhosa; ao PS conquistou a capital do distrito, Coimbra - uma das principais vitórias do partido no domingo - e ainda Góis e Penacova.

Évora

Grandes mudanças - e um resultadão do PSD, que passou a segunda força com mais presidências de câmara, ultrapassando a CDU. Em 14 concelhos, oito mudaram de cor. O PS manteve seis presidências: três que já tinha (Alandroal, Portel e Vendas Novas), uma conquistada a independentes (Estremoz) e duas à CDU (Montemor-o-Novo e Mora). Perdeu Viana do Alentejo para a CDU; e, para o PSD, Reguengos de Monsaraz e Mourão. Os sociais-democratas passaram de zero presidências para quatro: ao PS, conquistaram Mourão e Reguengos; aos independentes, o Redondo; e à CDU Vila Viçosa. Para a CDU, a noite foi terrível: cinco câmaras passaram a três. Os comunistas mantiveram Évora e Arraiolos, e conquistaram Viana do Alentejo ao PS. As presidências independentes também passaram de três para uma, Borba (que já era independente).

Faro

Um distrito quase sem história. Em 16 concelhos, dois mudaram de cor. O PS reforçou o número de presidências, passando de dez para 12. Às câmaras de Alcoutim, Aljezur, Lagoa, Lagos, Loulé, Olhão, Portimão, São Brás de Alportel, Tavira e Vila do Bispo somou Monchique e Vila Real de Santo António, roubadas, ambas, ao PSD. Os sociais-democratas aguentaram Albufeira, Castro Marim e Faro. Silves manteve-se na CDU. Não há câmaras independentes no distrito de Faro.

Guarda

Em 14 concelhos, cinco mudaram de cor. Mas um deles foi o da capital do distrito, que passou do PSD para independentes (dissidentes do PSD, na verdade). Os sociais-democratas mantiveram no entanto, no total do distrito, o peso que já detinham em presidências de câmara: sete. Mantiveram Almeida, Celorico da Beira, Pinhel, Sabugal e Vila Nova de Foz Côa; e "roubaram" Figueira de Castelo Rodrigo e a Meda ao PS. Já o PS passou de seis para quatro, detendo agora Fornes de Algodres, Seia e Trancoso (que já tinha) e somaram a estas Gouveia (câmara conquistada ao PSD). Já as listas independentes, passaram de uma para três: à que controla Aguiar da Beira acrescentam-se agora as da Guarda (conquistada ao PSD) e de Manteigas (era PS).

Leiria

Nos 16 concelhos do distrito, cinco mudaram de cor. Os independentes foram a força em progressão. Tinham uma única câmara (Peniche, que mantiveram) e passaram para quatro (conquistaram a Batalha e as Caldas da Rainha ao PSD e a Marinha Grande ao PS). No total das presidências, PSD e PS estão empatados: seis municípios para o PSD (Alcobaça, Alvaiázere, Óbidos, Pedrógão, Pombal e Porto de Mós) e outros seis para o PS (Ansião, Bombarral, Castanheira de Pera, Figueiró dos Vinhos, Leiria e Nazaré).

Lisboa

Apesar de ter sido o terramoto que foi, por causa da inesperada transferência da presidência da câmara de Lisboa do PS para o PSD, os resultados no resto do distrito revelaram-se muito estáveis. Nos 16 concelhos só dois mudaram. Em números de concelhos, o PS compensou a perda de Lisboa com a conquista de Loures à CDU - mantendo assim as mesmas dez presidências de câmara que já detinha. E que, além de Loures, são Alenquer, Arruda dos Vinhos, Azambuja, Lourinhã, Sintra, Amadora, Odivelas, Vila Franca de Xira e Torres Vedras. O PSD subiu de três para quatro. À conquista de Lisboa somam-se as autarquias que manteve: Cascais, Mafra e o Cadaval. A CDU já só fica agora com o Sobral de Monte Agraço. O único independente do distrito, Isaltino Morais, manteve-se absolutamente inamovível em Oeiras.

Portalegre

Nas 15 câmaras deste distrito, três mudaram de cor - sendo uma delas Portalegre, que era independente e passou a ser PSD. Os sociais-democratas conquistaram também Alter do Chão ao PS e assim passaram de quatro para seis municípios: aos dois já referidos somam-se os quatro onde se mantiveram no poder: Arronches, Castelo de Vide, Fronteira e Marvão. O PS passou de oito presidências para seis. À perda já referida em Alter acrescentou-se a de Elvas, que passou para um independente (Rondão de Almeida, dissidente do PS). De resto, os socialistas mantiveram Campo Maior, Crato, Gavião, Nisa, Ponte de Sor e Sousel. A CDU aguentou Avis e Monforte.

Porto

Um dos distritos mais estáveis: em 18 concelhos, só um mudou de cor, Vila de Conde (era independente e passou para o PS). De resto, tudo igual há quatro anos. O PS continua a controlar Baião, Gondomar, Lousada, Marco de Canavezes, Matosinhos, Paços de Ferreira, Paredes, Santo Tirso, Valongo e Vila Nova de Gaia. Já o PSD manteve as mesmas exatas cinco autarquias que já tinha: Amarante, Maia, Penafiel, Póvoa de Varzim e Trofa. Uma coligação com o PS liderada pelo Livre mantém Felgueiras. E, claro, o independente Rui Moreira viu-lhe renovada a confiança na capital do distrito.

Santarém

Em 21 concelhos, cinco mudaram de cor: dois do PS para o PSD (Alcanena e Cartaxo), uma da CDU para o PS (Alpiarça), e um do PS para independentes (a Golegã). De resto, tudo estável. O PS manteve Abrantes, Almeirim, Chamusca, Constância, Coruche, Entroncamento, Salvaterra de Magos, Tomar, Torres Novas e Vila Nova da Barquinha. Com o PSD isso passou-se em Ourém, Santarém, Sardoal, e Mação. A CDU perdeu Alpiarça mas aguentou Benavente.

Setúbal

A CDU manteve-se a principal força no distrito onde é mais forte. Contudo, perdeu um município de sempre, a Moita, para o PS. Tudo o resto se manteve como estava. Os comunistas passaram de oito para sete câmaras: Alcácer do Sal, Grândola, Palmela, Santiago do Cacém, Seixal, Sesimbra e Setúbal. Já o PS subiu de cinco para seis: a Moita somou-se aos outros cinco municípios que já controlava: Alcochete, Almada, Barreiro, Montijo e Sines.

Viana do Castelo

Mais um distrito com poucas mudanças. Só dois concelhos em dez mudaram de cor, ambos conquistados pelo PS (Valença, que era do PSD, e Vila Nova de Cerveira, independente). De resto tudo na mesma: o CDS-PP aguentou Ponte de LIma; o PSD Arcos de Valdevez, Ponte da Barca e Monção. O PS, pelo seu lado, manteve Caminha, Melgaço, Paredes de Coura e a capital do distrito, Viana do Castelo.

Vila Real

Em 14 concelhos, uma única mudança: Mondim de Basto passa do PS para o PSD. De resto, tudo igual. O PS, agora com sete concelhos, manteve Chaves, Mesão Frio, Montalegre, Ribeira de Pena, Sabrosa, Santa Marta de Penaguião e a capital do distrito, Vila Real. O PSD cresce de seis para sete e à conquista de Mondim soma a outra meia dúzia de municípios que já controlava: Alijó, Boticas, Murça, Peso da Régua, Valpaços e Vila Pouca de Aguiar. O presidente da câmara de Vila Real, Rui Santos, é um dos favoritos do PS para substituir o derrotado Manuel Machado (Coimbra) na presidência da ANMP (Associação Nacional de Municípios Portugueses).

Viseu

No distrito mais fragmentado do país - 24 concelhos -, foram quatro as mudanças, com um reforço do peso do PSD nas presidências de câmara (passou de 11 para 13, enquanto o PS diminuiu de 11 para dez). O PSD conquistou três câmaras: duas ao PS (Lamego e Nelas) e uma a independentes (Oliveira de Frades. Já no PS, a conquista de Mortágua ao PSD não compensou as perdas acima referidas. Assim, além das autarquias citadas, o PSD manteve Armamar, Castro Daire, Penedono, Satão, Sernancelhe, Tabuaço, Tarouca e Tondela, bem como Viseu e Vouzela. O PS, pelo seu lado, manteve Carregal do Sal, Cinfães, Mangualde, Moimenta da Beira, Penalva do Castelo, Resende, Santa Comba Dão, São Pedro do Sul e Vila Nova de Paiva. São João da Pesqueira manteve-se independente.

Madeira

O PSD voltou a ser o partido com mais presidências de câmara no arquipélago que, ao nível do governo regional, sempre foi "laranja". Detinham três presidências (Calheta, Câmara de Lobos e Porto Santo) e a estas somaram agora o Funchal (conquistado a uma coligação liderada pelo PS) e São Vicente (que era de independentes). Com a perda do Funchal - uma das mais importantes para o PS no contexto do país -, os socialistas passaram de quatro para três câmaras: Machico, Ponta do Sol e Porto Moniz. O CDS-PP manteve Santana e o JPP (um partido que só existe regionalmente) aguentou Santa Cruz. Os independentes passaram a ter apenas uma câmara, Ribeira Brava.

Açores

O PS manteve-se como a força com mais presidências de câmara mas agora em perda. Quatro municípios passaram dos socialistas para o PSD: Vila Praia da Vitória, Santa Cruz da Graciosa, São Roque do Pico e a Horta (cidade sede do Parlamento regional). A única boa notícia para os socialistas foi a conquista de Vila do Porto, ao PSD. Contas feitas, o PS tinha 12 câmaras e agora já tem nove. Além de Vila do Porto, Lagoa, Povoação, Vila Franca do Campo, Angra do Heroísmo, Lajes do Pico, Lajes das Flores, Santa Cruz das Flores e o Corvo. O PSD, pelo seu lado, cresceu de cinco para oito. Além das câmaras conquistadas ao PS somam-se outras já detidas pelo partido: Nordeste, Ponta Delgada, Ribeira Grande e Madalena. O CDS-PP manteve as Velas e a Calheta continua independente.