Política
28 janeiro 2022 às 16h17

Ventura critica os interesses instalados e acredita que será a terceira força

O líder do Chega confiante numa arruada no Chiado com cerca de 500 militantes. Antes, tinha promovido um almoço-convívio num hotel de cinco estrelas na Quinta da Marinha, em Cascais, onde criticou as elites.

DN/Lusa

Cerca de 400 a 500 militantes e simpatizantes do Chega acompanharam André Ventura na descida do Chiado, numa arruada ruidosa que começou no Largo do Camões e terminou nos Restauradores, em que o líder do partido voltou a dizer que acredita no terceiro lugar nas eleições de domingo.

"É aí [terceiro lugar] que ficaremos", asseverou o presidente daquele partido de extrema-direita, que falava aos jornalistas durante a arruada que começou atrasada, tal como todas as restantes ações de campanha do partido.

Envergando bandeiras do Chega, a multidão desceu o Chiado a entoar cânticos e palavras de ordem daquele partido de extrema-direita, com o percurso a ser por várias vezes interrompido para 'selfies' com André Ventura, que andou sempre rodeado de seguranças, que marcavam o ritmo e ditavam quem se aproximava do líder partidário.

Para André Ventura, o "Chega tornou-se o grande assunto destas eleições". Por isso, acredita que nas eleições de domingo "os portugueses irão valorizar isso".

Fazendo um balanço positivo da campanha, o presidente do Chega realçou que os apoiantes "não vão desarmar no dia 30".

"Vou de coração cheio e acho que cumprimos os objetivos e acho que as pessoas nos vão dar uma grande prova de confiança no domingo", frisou.

Aos jornalistas, André Ventura notou que a arruada (a descida do Chiado é um momento tradicional dos dois maiores partidos, PS e PSD) mostrou "a força que o Chega tem".

Numa arruada sonora e ruidosa, foram raros os sinais de hostilidade nas ruas de Lisboa contra o Chega, à imagem das restantes iniciativas do partido nesta campanha, ao contrário do que aconteceu nas presidenciais de 2021.

Mesmo assim, ainda foi possível ouvir algumas pessoas que passavam a gritar "Fascistas!" ou "Vão-se embora!".

Antes da arruada, André Ventura tinha afirmado que o seu partido é "o único contra o sistema de interesses", criticando as "elites" que governam o país há 47 anos.

"Só há um partido verdadeiramente contra o sistema de interesses instalados, que é o nosso. Se todos nos querem anular e aniquilar, eu tenho a certeza que o povo português vai dizer que quem manda é o povo e não as elites que nos governam há 47 anos e que têm destruído o país", disse num discurso para militantes e simpatizantes do Chega, que participaram no almoço-convívio do partido no hotel de cinco estrelas The Oitavos, na Quinta da Marinha, em Cascais, com campo de golfe e spa, em que um quarto para uma pessoa em agosto custa entre 314 euros e 1.688 euros por noite.

André Ventura voltou a recordar "os ataques" que o partido que lidera sofreu durante a campanha, salientando que "parecia que o Chega era o adversário de todos os partidos", naquilo que lhe pareceu uma "tentativa" de ser isolado.

"Não sabem como nós sabemos, que sozinhos já estávamos há muito tempo. [...] Termos ficado sozinhos nesta campanha eleitoral ainda nos deu mais orgulho", disse, André Ventura.

Confiante que o partido irá levar "um mar de gente" para o Largo de Camões, em Lisboa, esta tarde, naquela que será a última arruada da campanha, o líder do Chega acredita que o partido terá um grande resultado no dia 30 e que isso poderá ajudar a definir o tipo de direita que possa governar o país.

"Temos que perceber que tipo de direita é que queremos", salientou, pedindo uma direita "que obrigue a devolver a dignidade dos portugueses, a subir os salários e a descer o IVA da eletricidade".

"Não se deixem enganar com o voto útil no PS ou no PSD. Nós somos os únicos que vamos obrigar [a direita] a fazer reformas que não querem", disse, dirigindo-se aos vários militantes e simpatizantes, no final do almoço-comício, que juntou mais de 200 pessoas naquela unidade hoteleira gerida pela família Champalimaud.

No almoço-comício, houve espaço para música ao vivo com recurso a saxofone, num menu onde a vitela e lombo de outros dias foi substituído por um "fondant de galinha" e "um clássico de suspiro de baunilha e frutos vermelhos".