Nem sempre o setor social foi bem tratado, quer pelo governo quer, sobretudo, pelos parceiros do governo, sendo às vezes tratado como um setor não social mas privado, como se as Santas Casas da Misericórdia e outras instituições, nomeadamente da igreja, integrassem um setor lucrativo e equiparado ao privado. Não sentiu isso com as negociações com os parceiros que suportaram o governo nestes anos?
Da parte do governo, a colaboração e a cooperação com o setor social foram extraordinárias, mas nos dois sentidos. Durante a pandemia, em termos de medidas extraordinárias para o setor social, nesta lógica de apoiar quem apoia e criar as condições para responder em primeira linha às pessoas mais vulneráveis, nós criámos medidas de cerca de 950 milhões de euros extraordinárias para fazer face ao momento que vivemos. E deixe-me dizer outra coisa, o setor social teve um papel fundamental até na criação de emprego, ou na absorção de desempregados, nomeadamente de alguns setores, como o turismo. Nós criámos um programa específico para o setor social, que se chama MAREESS, numa noite em que percebemos por identificação dos próprios parceiros no terreno... - basta lembrarmos aquelas imagens do que estava a acontecer em Itália ou em Espanha, em alguns lares, em que as pessoas eram encontradas abandonadas - e percebemos que era necessário criar de emergência um programa de reforço de recursos humanos. Porque em muitas situações os próprios trabalhadores dos lares tinham de ficar em isolamento ou ficavam contaminados e, portanto, era preciso encontrar reforços extraordinários. Criámos o MAREESS, que é um programa em que o IEFP paga uma bolsa adicional a pessoas que vão trabalhar para o setor social, e que neste momento já abrangeu 25 mil pessoas. Aliás, aproveito para partilhar convosco em primeira mão: este programa estava previsto terminar no final de dezembro e face à evolução da pandemia decidimos prorrogá-lo por mais três meses, durante o primeiro trimestre de 2022. E ao mesmo tempo criar um mecanismos de apoio excecional para quem converta estes trabalhos em contratos sem termo, de cinco mil euros, para apoiar as instituições neste momento.