Almeida Santos acredita que Armando Vara será absolvido

O ex-presidente da Assembleia da República Almeida Santos disse hoje acreditar na inocência de Armando Vara, arguido no processo "Face Oculta" que está acusado de três crimes de tráfico de influências.

O presidente honorário do PS foi ouvido enquanto testemunha de defesa na 120.ª sessão do julgamento, que decorre no tribunal de Aveiro, abonando da seriedade e do currículo de vida do ex-ministro socialista que considerou ser "verdadeiramente notável".

"Este currículo não é compaginável com o de um homem desonesto", afirmou a testemunha, realçando que o arguido começou a trabalhar "muito jovem" e "foi sempre subindo na vida".

"De um modesto funcionário da Caixa Geral de Depósitos, chegou a administrador do banco. No Millennium BCP chegou a administrador e foi vice-presidente", lembrou o socialista, realçando ainda que o arguido teve uma carreira "brilhante" em termos políticos.

Almeida Santos negou ainda ter tido conhecimento de alguma tentativa relacionada com a demissão de Ana Paula Vitorino do cargo de secretária de Estado dos Transportes.

Segundo a acusação, em 2009 Armando Vara terá tido intervenção junto do então ministro das Obras Públicas Mário Lino para destituir Ana Paula Vitorino e o então presidente do Conselho de Administração da REFER, Luís Pardal.

Questionado pela defesa de Vara, a testemunha afirmou mesmo que "não seria um ato inteligente nem justificável" substituir um secretário de estado, que ainda por era membro do secretariado nacional do PS, num ano de Legislativas.

" entrada da sala de audiências, Almeida Santos já tinha dito aos jornalistas que acreditava na inocência do arguido: "acredito que ele é inocente. Acredito que vai ser absolvido".

Na sessão da manhã o tribunal ouviu ainda dois familiares de Armando Vara, que optou por não marcar presença na audiência de julgamento, nomeadamente a sua filha, Bárbara, e um ex-cunhado.

A filha de Armando Vara disse ter estado presente no almoço em Vinhais, onde Manuel Godinho, o principal arguido no processo "Face Oculta", ofereceu uma caixa de robalos ao ex-ministro socialista.

Bárbara Vara disse que o sucateiro "apareceu sem ser convidado" e acrescentou que o almoço foi rápido, não tendo havido conversas sobre negócios ou sobre quaisquer problemas de MG com a Refer.

Questionada sobre o tratamento dado por Manuel Godinho ao seu pai, disse que era "cerimonioso".

"Tratava-o por senhor doutor. Estava muito pouco à vontade", afirmou, adiantando que, depois desse dia, nunca mais esteve com Manuel Godinho.

Da parte da tarde, o coletivo de juízes continuará a ouvir testemunhas arroladas pela defesa de Armando Vara, entre as quais o ex-ministro das Finanças Teixeira dos Santos, Santos Ferreira, anterior presidente do Conselho de Administração do Millennium BCP, e Emídio Rangel, ex-diretor da SIC.

Mais Notícias

Outros Conteúdos GMG