Marcelo apoia declaração de estado de emergência climática
O Presidente da República manifestou apoio a uma declaração de estado de emergência climática, afirmando esperar que seja "aprovada brevemente". Mas o Governo tem mostrado pouca abertura a esse cenário
Marcelo Rebelo de Sousa manifestou este sábado apoio a uma declaração de estado de emergência climática. O Presidente da República falava à chegada ao Parque das Nações, onde decorre a Conferência Mundial de Ministros Responsáveis pela Juventude 2019 e o Fórum da Juventude "Lisboa+21"
"Eu já apoiei a ideia de uma declaração de estado de emergência climática. Espero que seja aprovada brevemente", disse Marcelo Rebelo de Sousa, ladeado pelo ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, dirigindo-se aos cerca de 30 jovens ativistas que se encontravam à porta do Altice Arena. Quando se aperceberam da chegada de Marcelo Rebelo de Sousa, os jovens, que inicialmente pretendiam deitar-se na estrada invocando a imagem das mortes provocadas pelas alterações e os fenómenos climáticos extremos a elas associados, começaram a ler uma declaração em português e depois inglês. E foi também em inglês que o Presidente da República respondeu.
Mas a expectativa expressa pelo Presidente da República, de que venha a ser aprovada uma declaração de estado de emergência climática, não vai de encontro ao que tem sido a posição do Governo sobre esta matéria. Quer António Costa quer o ministro do Ambiente, José Pedro Matos Fernandes, já fizeram declarações desvalorizando esse cenário e defendendo que a declaração de emergência climática não é mais do que um ato simbólico.
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Em maio, em resposta a uma interpelação do deputado do PAN André Silva, num debate quinzenal na Assembleia da República, o primeiro-ministro defendeu que nesta matéria não são necessárias "medidas simbólicas", mas "medidas concretas que contribuam para contrariar a trajetória" de aquecimento do planeta.
E, já no início deste mês, duas resoluções apresentadas pelo Bloco e pelo PAN no Parlamento, recomendando ao Governo que declare o estado de emergência climática foram aprovadas, mas com o voto contra do PS. Numa declaração de voto a justificar esta posição, os socialistas argumentaram que Portugal já está "na linha da frente, no plano internacional, no combate às alterações climáticas", pelo que "não precisa de adotar uma declaração de estado de urgência climática".
Até agora o estado de emergência climática foi declarado pelo Reino Unido, a 1 de maio, e pela Irlanda, a 9 do mesmo mês.
Jovens ativistas prometem não baixar os braços
Beatriz Farelo, uma das ativistas do movimento, reconheceu a importância de o Presidente da República e o ministro da Educação se terem deslocado junto dos jovens, mas lembrou que "não se podem baixar os braços enquanto os gestos simbólicos não passarem à ação".
"Naturalmente que teriam de se deslocar. O ministro da Educação até demorou a deslocar-se, só o fez quando o Presidente veio. É um ato simbólico terem vindo ter connosco, atos simbólicos podem ou não ser privilegiados. A verdade é que a declaração da emergência climática não pode depender de atos simbólicos, precisamos de ação e foi isso que viemos exigir", disse aos jornalistas.
.Na declaração lida ao Presidente da República, os jovens ativistas da Greve Climática Estudantil afirmaram que respondem "com uma atitude de confronto naturalmente dialética, a única que poderá levar a combater a inércia política" - "Ao diálogo inconsequente, respondemos com ação urgente".
Os ativistas estiveram desde o final do dia de sábado numa vigília em Lisboa à porta do encontro de responsáveis pelas políticas da juventude, a quem querem demonstrar que combater as alterações climáticas é questão de vida ou morte.
Este sábado, à entrada da conferência por onde passaram as cerca de 100 delegações de responsáveis pela área da juventude de todo o mundo, os ativistas, com idades entre os 12 e os 40 anos, empunharam cartazes onde se podia ler "Não há planeta B", "Climate is changing faster than this", "Fechar Sines" ou "Não deixes que isto se transforme nisto".