Terra de coragem

Nos últimos dias estive na Ucrânia, uma das mais perigosas missões onde participei. E, no entanto, para os que lá vivem, foram só mais uns dias na realidade do último ano. Solidariedade era o mínimo que podíamos prestar.

Pelo caminho, a notícia de drones que ameaçam outra vez a capital. Corridas para os abrigos - daqueles que ainda se abrigam, porque muitos já se habituaram a conviver com o risco.

Quando chegamos a Kiev, observamos as centrais a gás e os edifícios reconstruídos depois de ataques passados. Mas também lá estão os tanques russos destruídos pela resistência ucraniana no início da guerra. Um povo que não desiste, que se levanta de manhã, e vai lutar pela vida. A melhor homenagem aos soldados que na frente Leste lutam diariamente para conter o agressor.

Aquela capital impressiona. As feridas vão-se lambendo. As instituições e a sociedade resistem. Mesmo quando as atrocidades se acumulam.

Mais recentemente, tem merecido destaque o envio à força de mais de 16 000 crianças para a Rússia, a partir dos territórios ocupados, envolvidas em programas de "reeducação". Mas o povo não desiste, e procura os seus filhos onde quer que estejam.

Os líderes inspiram, estão preparados para a dureza, custe o que custar. Zelenzky lidera a resistência e pede ao Ocidente que não pare de fornecer as armas, que a coragem, essa não falta aos ucranianos.

Não querem saber de cálculos políticos dos outros países, estão a travar uma guerra pelo seu direito a existir, e querem existir na Europa. Têm impressionado nas reformas que fazem para integrarem o clube europeu, e sabem que podem reclamar que não haja mais adiamentos. Nos Balcãs já se espera há uma década, mas aqui sabem bem que lutam pela liberdade na Europa, e por isso exigem mais e mais depressa.

Entretanto, elencam também de forma impecável as próximas ações necessárias para equilibrar as forças. É preciso secar em definitivo o financiamento de Putin, evitando que use outros países para contornar as sanções ocidentais. E é urgente encurtar a distância no campo de batalha quanto ao armamento.

Muito importante a decisão recente da União Europeia de fornecer mais, muito mais material militar. A diferença no terreno tem sido de um para quatro, e mesmo assim os ucranianos resistem.

Mas não chega para a contraofensiva que sempre anunciam. Está para breve, parece ser também uma forma de motivar os ucranianos e despertar ainda mais a comunidade internacional. A coligação dos tanques já funciona, os Leopard já estão a chegar, também os portugueses. Estão agradecidos. Só querem defender o seu país, só querem proteger a sua liberdade.

Para isso, precisam de toda a ajuda que o Ocidente lhes possa dar. Precisam de treino, materiais e capacidade técnica para reparar no terreno o material bélico danificado. Mas não vão apenas esperar: resistem e constroem as suas próprias capacidades.

Estão incrivelmente bem organizados, e têm lideranças incrivelmente preparadas, mesmo para lá do Presidente herói.

Travam esta guerra desde 2014. Avisaram o Ocidente, que não fez caso.

Agora já todos reparamos. Estamos cá todos, como os que vi à saída do avião, bem junto à fronteira. Estamos todos, e não somos poucos.

A Ucrânia vencerá, porque a liberdade não tem preço.

18 valores
Comunidade Ismaelita em Portugal

Alvo de um ataque bárbaro, no âmbito do trabalho solidário da comunidade, não vacilaram nos valores humanistas e pacifistas que professam, oferecendo-se para acolher os três filhos do agressor, que já tinham perdido a mãe.

Eurodeputado

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