Semanologia - Gritar: "É o clima, estúpidos"

Grito 1: jovens, cientistas, organizações da sociedade civil, têm promovido movimentos de desobediência civil a alertar para o desastre ambiental que já vivemos e a catástrofe ambiental que se aproxima a passos galopantes. As ações de ocupação de edifícios, de paragem do trânsito, de uma simulação de agressão de obras de arte em museus, são exemplos de ações que, face ao marasmo de governantes, empresas e sociedade civil, procuram acordar a comunidade, apelando para a ação - o nosso futuro comum está em risco e, por maioria de razão, dos mais jovens.

Grito 2: diz (grita) o secretário-geral da ONU, a 27.10.22, dia da apresentação do 13º Relatório Anual do Programa das Nações Unidas para o Clima: "O compromisso para emissões zero vale zero sem planeamento, políticas e ações que o suportem. O nosso mundo não pode continuar a suportar mais negação sobre a situação climática, falsos movimentos ou movimentos atrasados dos diferentes responsáveis pelas emissões nocivas. Temos de acabar com o excesso de emissões antes que a catástrofe climática acabe com todos nós (tradução livre a partir do Inglês)." Alguns dados: objetivos da COP27, em novembro de 2022 no Egito: adaptação, mitigação, colaboração, financiamento entre Estados, organizações e Sociedade Civil; os dez maiores poluidores do planeta (por ordem): China, Estados Unidos, Índia, Rússia, Japão, Alemanha, Coreia do Sul, Arábia Saudita, Indonésia e correspondem a 2/3 das emissões nocivas.

"As ações de ocupação de edifícios, de paragem do trânsito, de uma simulação de agressão de obras de arte em museus, são exemplos de ações que, face ao marasmo de governantes, empresas e sociedade civil, procuram acordar a comunidade."

Grito3: o Papa Francisco, no Encíclica Laudete Si, de 24.05.2015, apresentada antes da Conferência Anual das Nações Unidas do Clima de Paris (COP21 - 30.11 /11.12.2015), onde se alcançou um acordo importante entre Estados, que não foi cumprido: "LAUDATO SI", mi" Signore - Louvado sejas, meu Senhor", cantava São Francisco de Assis. Neste gracioso cântico, recordava-nos que a nossa casa comum se pode comparar ora a uma irmã, com quem partilhamos a existência, ora a uma boa mãe, que nos acolhe nos seus braços: "Louvado sejas, meu Senhor, pela nossa irmã, a mãe-terra, que nos sustenta e governa e produz variados frutos com flores coloridas e verduras". Esta irmã clama contra o mal que lhe provocamos por causa do uso irresponsável e do abuso dos bens que Deus nela colocou. Crescemos a pensar que éramos seus proprietários e dominadores, autorizados a saqueá-la. A violência, que está no coração humano, ferido pelo pecado, vislumbra-se nos sintomas de doença que notamos no solo, na água, no ar e nos seres vivos. Por isso, entre os pobres mais abandonados e maltratados, conta-se a nossa terra oprimida e devastada, que "geme e sofre as dores do parto" (Rm 8, 22). Esquecemo-nos de que nós mesmos somos terra (cf. Gn 2, 7). O nosso corpo é constituído pelos elementos do planeta; o seu ar permite-nos respirar, e a sua água vivifica-nos e restaura-nos."

Conclusão: no dia em que a população mundial chega a 8000 milhões, as respostas a dar são difíceis e complexas. A necessidade de o fazer é urgentíssima - mas os líderes mundiais, em vez de, efetivamente, se porem de acordo sobre medidas drásticas e necessárias, estão mais interessados em garantir a sua posição no respetivo país e o seu peso geoestratégico, que salvar o planeta e as próximas gerações. Hoje, os dois mais importantes líderes mundiais - Joe Biden e Xi Jinping, encontram-se em Bali. Teremos mais do mesmo? Gritemos.

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