Os anti-Trump, e os pró, cândidos e cágados
Nasceu uma tese: nos jornais portugueses estavam todos convencidos da derrota de Trump. Sentença: confundiram desejos com realidade... Pois é falso o todos. Não fui caso único, mas recorro às minhas crónicas diárias porque o acesso é fácil (site do DN). Em 21 de outubro, um leitor queixava-se: "Centésima quarta crónica a bater no Trump." Sobre o número, ele exagerava (foram só dezenas); sobre o tom, sim, foi isso. Aliás, nessa crónica, escrevi: "Eficaz é ele (...), ainda pode ser presidente depois do ano tão sincero a mostrar-se quem é." E por várias vezes, no fim das primárias, pus cautelas: ele derrotara 16 adversários republicanos. Já em maio titulei: "Trump é tipo Leicester mas em mau." A comparação era esta: o clube inglês, então campeão-surpresa, "feito humilde e valoroso", só deu alguns comas etílicos, já aquele Trump, ganhando, era um desastre mundial. Por isso, "melhor seria darmos conta do que leva a sociedade a dar-lhe ouvidos, porque surpresas simpáticas é melhor só contar no futebol." Véspera da eleição, título: "(...) pode haver quarta-feira de cinzas". Dia 8, título: "A anomalia Trump acaba ou vai passar a ser normal?" Repito, não fui cândido otimista. Quanto a ser anti-Trump, sim, antes; e mais agora. Porque nasceu outra tese dizendo que a opinião era unânime contra Trump. Falso, só parecia unânime. Os pró, por cá, estavam escondidos. Agora vão aparecendo. Nem todos contra eram cândidos mas todos pró foram cágados.