Desculpem lá a CPLP por fazer bem
A Guiné Equatorial, o paraíso africano, aboliu há décadas a pena de morte. Evidentemente, pois não foi colonizada por Portugal, que ainda há pouco garroteava. Felizmente para o país de Teodoro Obiang, ela teve laços culturais com Espanha que há 150 anos aboliu a pena de morte e até recebeu uma carta de Victor Hugo a saudar-lhe a civilização. Bom, agora essa Guiné Equatorial vê-se demandada por uma chusma de países de língua portuguesa para entrarem no clube dela. Peguem num mapa da pena de morte (o Google mostra). A vermelho, os países que ainda não a aboliram: e lá vêm a desonra de Timor, vermelho, cercado pela imensa Indonésia, onde não há pena de morte. Em África, Angola, a vermelho, encimada pelo Congo (Kinshasa) que não mata; Moçambique, a vermelho, apesar de ter como vizinho o doce Zimbabué; e os vermelhos Guiné-Bissau e Cabo Verde que também não aprenderam com o estendal humanista de Nigéria, Líbia, Egito... Então, ao meter na mesma fruteira essa Guiné Equatorial abolicionista, não é de temer que ela se deixe influenciar pelos da língua portuguesa, todos adeptos da pena de morte? Os pêssegos maus não podem corromper o pêssego bom? Eu gostava era de ser daltónico e ter visto tudo ao contrário no mapa do Google. Nesse caso, orgulhoso, saudaria a honra da CPLP por levar a civilização a outros. Mas, como prova o silêncio geral, não posso ser daltónico: tudo o que é português (e derivado) é mau e cheio de penas de morte.