De mal a pior

Querem perceber por que há tanta gente a zangar-se com a política, engrossando a longa lista de abstencionistas ou desejando arduamente que apareça um Trump em Portugal? Ponham-se no papel de um pai ou de uma mãe que trabalham de sol a sol para ganhar umas centenas de euros, com que esforçadamente procuram construir uma vida melhor para os seus filhos.

A novela da Caixa Geral de Depósitos vai de mal a pior. É uma ofensa para a maioria dos portugueses o que se passa no banco público, onde vamos ter de enfiar quatro mil milhões de euros. Saem, não saem, ficam, não ficam. E, enquanto o TC, com todas as suas formalidades, mais parece o Tribunal do Caracol, tão demorado em decisões que se querem urgentes, já os políticos brincam à dança das cadeiras, dando como certo que António Domingues vai sair e avançando com nomes para o substituir na presidência do conselho de administração da CGD. Não é um, nem dois. São três, como se houvesse uma lista de espera com gente interessada em meter-se no hospício onde, involuntariamente, se foram meter os atuais administradores do banco.

Com a trapalhada geral que está instalada neste dossiê, julgarão os políticos que lhes basta fazer coro, exigindo àqueles administradores o que o povo quer. Pois que poderá parecer que isso lhes atenua a culpa, mas o povo acabará por meter todos no mesmo saco. É assim que tem sido.

O pai ou a mãe que se esforçam e que vivem vidas muito difíceis, o que têm como certo é que a vida deles não muda. Sentem isso, ano após ano, e sabem que há uma elite que, falando o politicamente correto, consegue sempre manter um nível de vida elevado. E quando, apesar disso, lhes ocupam o tempo com as preocupações que temos visto na Caixa, eles sabem que têm o circo, mas que lhes falta vezes demais o pão.

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