Lisboa
Quanto mais capitais europeias vou conhecendo, mais admiro a transformação incrível de Lisboa nos últimos 15 anos.
Quem não se lembra dos problemas de segurança, quando se passeava na Baixa de Lisboa depois das 10h da noite? Ou dos edifícios a cair, devolutos e das ruas sujas? Ou até das zonas degradadas, como o Intendente, que viria a receber uma mudança estrutural depois do gabinete do presidente da Câmara Municipal ali ser instalado.
Lisboa tornou-se melhor para os seus habitantes, mas também mais atrativa como destino turístico ou residência para cidadãos estrangeiros. Claro que esta transformação não se fez sem dificuldades. Hoje, o grande desafio é precisamente compatibilizá-la com as necessidades da população que lá residia e quer residir. Os nossos cidadãos não podem sentir que são um dano colateral das mudanças, antes que estas servem um propósito principal: melhorar a sua qualidade de vida e bem-estar.
A cidade, mas também toda a Área Metropolitana, necessita de continuar o investimento nos serviços públicos, desde logo nos transportes públicos e infraestruturas de Saúde ou Educação. Precisa também de uma política de habitação local (e nacional) que contrarie as dificuldades das famílias em fixarem-se no Concelho de Lisboa.
Carlos Moedas - com quem tenho uma relação de simpatia pessoal, já de alguns anos - tem tudo para lhe correr bem, basta continuar o ciclo de investimento que estava em curso. Foi eleito de forma invulgar, porque os eleitores de centro-esquerda e esquerda estavam convencidos da vitória, logo não saíram a votar. Apesar das nossas diferenças políticas, desejei (e desejo) que o mandato lhe corra bem, pela cidade e pelo país.
Mas esse trabalho não precisa de hesitação e menos ainda de desvarios para o populismo. Infelizmente, estes últimos começam a acumular-se.
Após as fugas de informação sobre buscas na Câmara de Lisboa, decidiu surfar a onda, e regressou à promessa não-cumprida de instalar um Departamento Anticorrupção. Dei o benefício da dúvida.
Mas no dia em que tomámos conhecimento do custo elevado (muito acima do previsto) da construção do altar para as Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ), o presidente da CML desconversou. Podia ter prometido rigor na gestão da despesa pública ou tentar defender o impacto do evento, que trará a Portugal milhares de jovens de todo o mundo e será acompanhado em muitos países.
Em vez disso, procurou desviar os holofotes para o plano de emergência de apoio aos sem-abrigo, "oferecendo" ao Presidente da República uma visita a um pavilhão municipal preparado para acolher os que sofrem com o frio inclemente deste inverno.
Seria mesmo necessário escolher uma das causas sociais mais fortes do atual Presidente, para se esconder, debaixo da asa presidencial, da atenção mediática aos custos elevados da JMJ? Não seria capaz de mostrar antes visão e capacidade de liderança, defendendo aquele projeto em que parecia acreditar?
Se amanhã sair outra notícia negativa sobre Lisboa, o que fará Carlos Moedas? Atira-se ao rio para umas braçadas vigorosas, anunciando com orgulho que o Tejo está limpo e a água ótima?
17 valores
Combate à pobreza
Desde 2015, Portugal tem menos 734 mil pessoas a viver em risco de pobreza ou exclusão social. Nem tudo está resolvido e continuar a haver trabalho para fazer; mas também não se pode negar o trabalho notável (e resultados) do governo.
Eurodeputado